O momento fora de campo do Paraná Clube piora a cada semana e parece não ter fim a crise que assola o ambiente de trabalho dos atletas. O novo episódio do desgaste com os jogadores e diretoria contou com um pronunciamento do capitão Lúcio Flávio. Após o treinamento de ontem pela manhã na Vila Olímpica do Boqueirão, o elenco se reuniu no refeitório para comunicar aos torcedores sobre algumas medidas que podem paralisar os treinamentos a partir da próxima quarta-feira (20), devido aos recorrentes atrasos salários.
“Vamos dar um prazo de uma semana e se não existir nada por parte da diretoria, em relação aos assuntos financeiros, iremos tomar outras atitudes. Dentro dessas ações, podemos paralisar. Não gostaríamos, até pelo caráter do grupo. A partir da quarta-feira, se não tiver nada resolvido, nós vamos parar. Já passou do limite. São mais de cem dias de atraso nos salários. Chega o momento que não estamos mais aguentando”, disse Lúcio Flávio.
Uma das grandes queixas do grupo é a ausência dos diretores no dia a dia. Chateados por trabalhar e não receber, os atletas já não acreditam nas promessas da direção. O ultimato é uma forma de pressionar os cartolas que estiveram ontem em São Paulo para buscar recursos com o propósito de pagar os funcionários. “Hoje estaremos em Curitiba para tomar conhecimento de tudo e fazer um posicionamento”, afirmou o vice-presidente de futebol, Celso Bittencourt.
Na semana passada, os jogadores divulgaram uma carta revelando que atletas estão sem receber há sete meses. Além disto, o técnico Claudinei Oliveira e o restante da comissão técnica também estão convivendo com o mesmo problema. Funcionários do clube e que prestam serviço nas sub-sedes são vítimas da escassez financeira.
“Tivemos uma resposta boa dos torcedores. Escrevemos na carta que tínhamos que ter no mínimo, o dobro de torcedores no estádio. Porém, sabemos que a luta é maior que isso. Todos têm compromissos a honrar. Temos responsabilidade como cidadão e pais de família. Esperávamos alguém da diretoria para nos passar alguma situação de ordem financeira ontem ou hoje pela manhã. Não ocorreu”, explicou o camisa 10.
O técnico Claudinei Oliveira vai se reunir com a diretoria para passar as reivindicações dos atletas. A ideia é que ocorra a regularização de pelos menos dois meses de salários, ao invés de uma parcela apenas, como tem ocorrido nos últimos meses. Enquanto não se resolve o transtorno, os jogadores continuam treinando e prometem não comentar mais do assunto até a próxima semana.
“Até terça-feira não vamos comentar nada no aspecto financeiro. Vamos continuar trabalhando, apesar de todas as dificuldades, de todos os problemas que mais de 90% do grupo tem passado. Não sabemos se através dos esforços deles (diretoria) irão conseguir, mas estamos passando a situação para que outros paranistas possam tomar frente e ajudar o clube”, concluiu Lúcio Flávio.