Em uma grande partida que só acabou depois de uma longa batalha de 4 horas e 56 minutos, o espanhol Rafael Nadal sofreu muito, mas venceu o búlgaro Grigor Dimitrov por 3 sets a 2, com parciais de 6/3, 5/7, 7/6 (7/5), 6/7 (4/7) e 6/4, nesta sexta-feira, e garantiu vaga na final do Aberto da Austrália.

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Com o triunfo, o nono cabeça de chave desta edição do Grand Slam realizado em Melbourne assegurou a disputa de uma decisão “retrô” com o suíço Roger Federer neste domingo, a partir das 6h30 (de Brasília), onde os dois lendários tenistas irão se reencontrar naquela que pode ser, para muitos, a última vez em que se enfrentam uma partida valendo o título de um dos quatro principais torneios do circuito profissional.

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Federer se credenciou para brigar pela taça na última quinta-feira ao passar pelo seu compatriota Stan Wawrinka, também por 3 sets a 2, na outra semifinal. Por ter jogado um dia antes, ele poderá chegar um pouco mais descansado à decisão, mas isso não o coloca como favorito diante do espanhol, que é considerado pelo próprio suíço o rival mais complicado que já encarou ao longo de sua carreira.

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Longe do protagonismo que tiveram quando se revezavam na liderança do ranking mundial, Federer e Nadal entraram neste Aberto da Austrália sem ostentar o favoritismo que carregavam principalmente Andy Murray, atual número 1 da ATP, e Novak Djokovic, hexacampeão em Melbourne e hoje vice-líder do ranking.

Entretanto, o britânico e o sérvio foram eliminados de forma precoce em suas campanhas e viram Federer e Nadal indo abrindo caminho com atuações que lembraram o auge de suas carreiras. E, passo a passo, eles garantiram a disputa de uma antes tida como improvável final em Melbourne. Improvável não pelo histórico altamente vitorioso das gloriosas carreiras dos dois tenistas, mas sim pelas temporadas “discretas” que tiveram no ano passado.

Federer, que ficou seis meses sem jogar por ter operado o joelho, não conquistou nenhum título no ano passado, enquanto Nadal foi campeão de apenas dois torneios, ambos disputados em piso de saibro, sua especialidade, no Masters 1000 de Montecarlo e no ATP 500 de Barcelona.

A BATALHA – Para ter a chance de reencontrar o seu antigo adversário em uma decisão de Grand Slam, o que não acontecia desde 2011, quando se cruzaram na final de Roland Garros, Nadal precisou superar um inspirado Dimitrov nesta sexta-feira.

Favorito diante do atual 15º colocado do ranking da ATP, o ex-número 1 e hoje nono tenista do mundo só teve maior facilidade para bater o búlgaro no primeiro set, no qual confirmou todos os seus saques e converteu um de dois break points cedidos pelo adversário para fechar em 6/3.

A partir do segundo set, porém, Dimitrov começou a reagir de forma expressiva. Embora tenha sido superado com o serviço na mão por duas vezes na parcial, ele aproveitou três de sete oportunidades de ganhar games no saque do espanhol para fazer 7/5 e empatar o duelo.

Em seguida, o alto equilíbrio permaneceu no terceiro set, no qual cada tenista conquistou uma quebra de saque e assim eles forçaram a disputa do tie-break, no qual Nadal foi um pouco melhor para fechar em 7/5.

Dimitrov, entretanto, não se abalou e continuou jogando em altíssimo nível. E, desta vez os dois jogadores confirmando todos os serviços sem oferecerem nenhuma chance de quebra e provocaram um novo desempate no tie-break, no qual o búlgaro deu o troco ao liquidar em 7/4.

O quinto set, novamente muito parelho, teve Nadal e Dimitrov confirmando todos os seus saques até o oitavo game. O último deles, por sinal, foi o momento chave da partida. Colocando pressão no favorito, Dimitrov tinha dois break points para quebrar o saque de Nadal quando liderava em 4/3, mas o espanhol fez quatro pontos seguidos jogando de forma muito corajosa para empatar em 4/4 e devolver a pressão para o búlgaro.

E o 15º cabeça de chave acabou sucumbindo justamente a partir do nono game, no qual o seu adversário aproveitou a única chance de quebra que teve para fazer 5/4 e depois sacou para fechar o confronto em um game no qual o búlgaro salvou três match points antes de cair por 6/4 após cometer um erro não-forçado.

O alto número de erros não-forçados (69), por sua vez, pesaram para Dimitrov, pois ele contabilizou nada menos do que 79 winners, contra 45 bolas vencedoras do seu rival, que compensou isso cometendo bem menos erros não-forçados (43).

Forte com o saque na mão, Dimitrov também acumulou 20 aces, contra oito de Nadal, assim como ganhou 70% dos pontos que disputou quando encaixou o seu primeiro serviço. Reflexo do equilíbrio do duelo, o espanhol fez ao total apenas seis pontos a mais do que o búlgaro (185 a 179).

Essa foi a oitava vitória de Nadal em nove jogos com Dimitrov, que havia levado a melhor sobre o melhor sobre o espanhol justamente no confronto anterior entre o dois, no Torneio de Pequim do ano passado. Em 2014, por sua vez, o ex-líder do ranking mundial também havia superado o búlgaro nas quartas de final do Aberto da Austrália, então por 3 sets a 1.

LONGA E HISTÓRICA RIVALIDADE – Já na final de domingo diante de Federer, contra o qual desenhou uma das maiores rivalidades da história do tênis e do próprio esporte em todos os tempos, Nadal irá travar o 35º confronto, sendo que leva grande vantagem no retrospecto, com 23 vitórias e 11 derrotas. No último duelo entre os dois, porém, o suíço levou a melhor no Torneio de Basileia de 2015.

Atrapalhados por lesões e longe de viverem suas melhores fases, o espanhol e suíço não se cruzaram por nenhuma vez no ano passado, mas Nadal também traz como uma vantagem psicológica extra diante do lendário adversário o fato de que bateu o rival nas três vezes em que o enfrentou no Aberto da Austrália, na decisão de 2009 e nas semifinais de 2012 e 2014.

Nadal, entretanto, só conseguiu ser campeão em Melbourne uma vez, enquanto Federer já levantou a taça em quatro oportunidades, em 2004, 2006, 2007 e 2010. O espanhol ainda amargou dois vice-campeonatos no Grand Slam australiano, sendo o último deles em 2014, quando caiu diante do suíço Stan Wawrinka na decisão, depois de ter sido derrotado pelo sérvio Novak Djokovic na final de 2012.

Amigos fora de quadra, em detrimento da grande rivalidade que construíram dentro dela como dois dos maiores esportistas da história, Nadal e Federer já se enfrentam 11 vezes em torneios de Grand Slam. Além de ter batido o suíço por três vezes no Aberto da Austrália, o atual nono colocado do ranking mundial já passou pelo suíço em cinco confrontos em Roland Garros, em 2005, 2006, 2007, 2008 e 2011, assim como ainda faturou um título em Wimbledon ao bater Federer na decisão de 2008 em Londres.

E foi justamente na capital inglesa, por sinal, que Federer conseguiu as suas duas únicas vitórias sobre Nadal em duelos disputados entre os dois em eventos de Grand Slam. O atual 17º colocado da ATP passou pelo espanhol nas finais de 2006 e 2007 do tradicional torneio realizado na Inglaterra.

Mas, independentemente do retrospecto entre os dois, o reencontro de domingo entre Federer e Nadal é um jogo imperdível para os fãs de tênis em todo o mundo. E, como o próprio suíço definiu após passar por Wawrinka nas semifinais ao comentar como seria uma possível decisão com o velho rival, será um duelo “épico” e histórico entre os dois, que farão muita gente acordar bem cedo, pelo menos no Brasil, para acompanhar o confronto pela TV.