Logo depois de conquistar o seu quarto título do US Open e alcançar a marca de 19 troféus de Grand Slam em sua carreira, Rafael Nadal estava tão exausto durante a cerimônia de premiação que exibiu até dificuldade em certo momento para concatenar as suas ideias. O cansaço não era para menos, pois ele precisou jogar 4h50min para derrotar o russo Daniil Medvedev por 3 sets a 2, com parciais de 7/5, 6/3, 5/7, 4/6 e 6/4, na decisão deste domingo em Nova York. Porém, o esgotamento físico não o impediu de exaltar o peso deste seu triunfo, que o deixou a uma taça de se igualar a Roger Federer como recordista maior de taças de Grand Slam.
“Essa vitória é muito importante para mim”, disse Nadal, enquanto enxugava as lágrimas na cerimônia de premiação, na qual em seguida exaltou o quão complicado foi superar Medvedev. “Especialmente quando a partida se tornava cada vez mais e mais difícil, eu fui capaz de segurar os nervos. Eles eram muito altos. Foi uma partida louca e estou muito emocionado”, completou, para depois destacar também que esta foi “uma das noites mais emocionantes” da sua carreira no tênis.
O espanhol também enalteceu a atuação do seu adversário na decisão e deixou claro que prevê um futuro promissor para o russo, que é dez anos mais novo do que o tetracampeão do US Open. “Essa foi uma final incrível. Daniil tem apenas 23 anos e a maneira como ele conseguiu lutar e mudar o ritmo da partida foi incrível. Ele vai ter muito mais oportunidades como esta”, disse o atual vice-líder da ATP.
Ao ganhar o US Open neste domingo, Nadal também fez história pelo fato de ter se tornado o primeiro tenista a conquistar cinco títulos de Grand Slam depois dos 30 anos de idade. Desde que virou um “trintão”, ele ganhou por três vezes Roland Garros e por duas o US Open, no qual anteriormente havia triunfado em 2007. Até esta decisão, o atleta de 33 anos estava empatado com Federer, Novak Djokovic, Rod Laver e Ken Rosewall como jogadores que levaram quatro troféus deste quilate depois de terem completado três décadas de vida.
MEDVEDEV FICA PERTO DE FEITO – Do outro lado, Medvedev jogou neste domingo a sua primeira final de Grand Slam na carreira e chegou a sonhar com um feito histórico ao levar a partida contra Nadal para o quinto set. Caso surpreendesse o espanhol, ele se tornaria o terceiro tenista russo a conseguir a conquistar um título deste nível em todos os tempos no tênis. Os únicos jogadores do seu país que triunfaram em eventos de Grand Slam até hoje foram Marat Safin, que ganhou o US Open em 2000 e o Aberto da Austrália em 2005, e Yevgeny Kafelnikov, que também faturou a competição australiana, em 1999, e Roland Garros, em 1996.
Na cerimônia de premiação da final, o russo também exibiu simpatia ao pedir desculpas ao público por suas atitudes polêmicas ao longo de sua campanha em Nova York, onde chegou a provocar os torcedores por mais de uma vez e foi punido pela organização do US Open por fazer gestos obscenos em direção à arquibancada após ser vaiado por desrespeitar um boleiro na partida contra o espanhol Feliciano López, pela terceira rodada. Ao todo, por causa de suas atitudes, contabilizou um total de US$ 19 mil (cerca de R$ 77 mil) em multas.
E ele fez questão de exaltar que a torcida o motivou a buscar uma grande reação depois de ter perdido os dois primeiros sets. “Por causa do público, eu estava lutando como o inferno”, ressaltou. “No terceiro set, na minha cabeça, eu já estava pensando no que dizer no meu discurso (após o jogo). Estava lutando e não desisti, mas, infelizmente, eu não consegui vencer”, reforçou.
PREMIAÇÃO RECORDE – Pelo título do US Open, o vice-líder da ATP também embolsou o prêmio de US$ 3.850.000,00 (cerca de R$ 15,6 milhões). Essa premiação é recorde na história dos Grand Slams. Essa mesma quantia recebeu a canadense Bianca Andreescu por ter conquistado o troféu do torneio feminino de simples do US Open no último sábado, quando surpreendeu a norte-americana Serena Williams na decisão. O vice-campeonato valeu US$ 1,9 milhão (aproximadamente R$ 7,7 milhões) a Medvedev, assim como à tenista dos Estados Unidos.
Com este triunfo, Nadal também abriu vantagem sobre Novak Djokovic na lista de maiores campeões de torneios de Grand Slam. Líder do ranking mundial, o sérvio tem 16 taças da série de quatro competições mais importantes do tênis, sendo a última delas alcançadas neste ano em Wimbledon. O norte-americano Pete Sampras, com 14, o australiano Roy Emerson (12), o sueco Bjorn Borg (11) e Bill Tilden (10), outro ex-tenista dos EUA, completam a lista de jogadores que passam de um dígito ao contarem os seus troféus deste quilate.