O Tottenham parece ter encontrado uma fórmula própria para fazer frente aos gigantes da Inglaterra. Ao invés de ser mais um concorrente no já inflacionado mercado de transferências, o comando do clube localizado no norte de Londres prefere focar nos investimentos em infraestrutura.

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Semifinalista da Liga dos Campeões, fase em que encara o Ajax nesta terça-feira e em 8 de maio, o Tottenham inaugurou um moderno centro de treinamento de 70 milhões de libras (R$ 358 milhões) em 2012 e uma arena de ponta neste ano, com lugar para 62.062 torcedores, ao custo de 1 bilhão de libras (R$ 5,1 bilhões). Por outro lado, a equipe não comprou qualquer jogador nas últimas duas janelas de negociações da Europa.

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O modelo adotado ainda não se transformou em títulos, mas os resultados conquistados no Campeonato Inglês contra gigantes como Manchester City, United, Arsenal, Chelsea e Liverpool mostram que a aposta é válida. Nos últimos dez anos, a pior colocação do Tottenham foi um sexto lugar, na temporada 2013/2014. Isso representa um grande salto em relação ao time que frequentava o meio da tabela nos anos 1990 e no começo dos anos 2000.

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“Quando eu estava lá, os diretores e o presidente falavam que não iriam perder nenhum jogador para os outros clubes em questão de estrutura. Eles queriam impressionar. Se um grande jogador quisesse conhecer a estrutura do clube e fosse ao centro de treinamento assinaria na hora”, disse ao Estado o volante Sandro, contratado em 2010 junto ao Internacional por R$ 20 milhões – o brasileiro hoje defende a Udinese, na Itália.

O CT do clube foi construído em uma área de 311,6 mil m² e conta com 15 campos. Possui um campo de grama sintética fechado e coberto e outro campo iluminado para atividades à noite. O espaço conta até com uma sala onde é possível fazer simulação de jogos em altitude, em condições semelhantes até a 3,8 mil metros de altura.

Já o moderníssimo Tottenham Hotspur Stadium tem gramado retrátil, superfície artificial para os jogos da NFL (liga de futebol americano dos EUA) e até mesmo uma microcervejaria. Além de ser uma arma dentro de campo contra os rivais, a construção impulsiona a exploração comercial e vira uma nova fonte de renda ao time fundado em 1882 e vencedor das Copas da Uefa de 1972 e 1984 e do Campeonatos Ingleses de 1951 e 1961.

O brasileiro Sandro fez parte do elenco que alcançou aquela que seria a melhor campanha da história dos londrinos na Liga dos Campeões até então. Em 2010/2011, o Tottenham passou em primeiro lugar em um grupo que contava com Inter de Milão, Twente e Werder Bremen. Ainda derrubou o tradicional Milan no primeiro confronto mata-mata, mas nas quartas de final veio a eliminação, contra o Real Madrid. Aquele grupo contava com grandes estrelas como Gareth Bale, Luka Modric e Van der Vaart.

O foco na manutenção do elenco e do comando técnico, nas mãos do argentino Mauricio Pochettino desde 2014, são méritos do presidente Daniel Levy, no posto desde 1991. Homem de confiança de Joe Lewis, bilionário dono do time que vive nas Bahamas para evitar os grandes impostos na “Terra da Rainha”, o cartola é conhecido por fazer jogo duro em todas as negociações.

Outro diferencial do Tottenham na Inglaterra é contar com atletas do próprio país em seu elenco, ao contrário do que fazem seus principais rivais, que sempre buscam valores ao redor do mundo e não raramente entram em campo com 11 estrangeiros. Desta forma, a equipe muitas vezes serve de base para as convocações de Gareth Southgate.

Na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, cinco formaram a seleção inglesa. Além de Harry Kane e Dele Alli, também foram convocados o meio-campista Dier e os laterais Danny Rose e Trippier.