Na pole, Montoya tenta adiar o penta de Schumi

Juan Pablo Montoya vai tentar hoje adiar por alguns dias a conquista certa do pentacampeonato de Michael Schumacher. O colombiano da Williams fez ontem sua quinta pole-position consecutiva na temporada e larga na primeira posição do grid para o GP da França, 11ª etapa do Mundial, com o tempo de 1min11s985. Schumacher ficou com o segundo lugar, 0s023 atrás.

Magny-Cours, França -Para ser campeão hoje, o alemão precisa necessariamente vencer a corrida e torcer para que nem Montoya, nem Rubens Barrichello – que larga em terceiro – terminem na segunda colocação. Mas Juan Pablo mostrou ontem que a festa, talvez, tenha de ser adiada para domingo que vem, em Hockenheim.

“Nas últimas quatro corridas larguei na pole e não ganhei. Mas a situação aqui é diferente. O calor está ajudando e nossos pneus são bem mais consistentes. O pessoal da Michelin trabalhou bem”, falou o piloto. Nas últimas provas, os pneus franceses que equipam a Williams não decepcionaram nos treinos, mas para longas distâncias ficaram a desejar, com uma alta taxa de desgaste.

“Acho que vai ser uma disputa muito apertada”, falou o diretor-técnico da Ferrari, Ross Brawn. “Se a gente conseguir ficar perto de Montoya, talvez dê para ganhar a corrida nos pit stops.” A estratégia padrão para as 72 voltas em Magny-Cours é de duas paradas para troca de pneus e reabastecimento. Os pneus traseiros, especialmente, gastam muito no circuito francês. Barrichello, no ano passado, chegou em terceiro depois de três pit stops.

Schumacher já venceu o GP da França cinco vezes, mas garantiu que nem está pensando em título antecipado. “Eu corro por prazer, e isso significa lutar e fazer tudo que for possível para vencer”, disse Michael, que está prestes a igualar o recorde de Juan Manuel Fangio, cinco vezes campeão mundial na década de 50. O treino que definiu o grid ontem, realizado com sol e muito calor, foi um dos mais emocionantes da temporada. Montoya, Schumacher e Barrichello se revezaram na pole até os últimos instantes. “Eu não esperava ficar em primeiro. Achava que a Ferrari estava rápida demais”, disse Juan Pablo. O colombiano foi, mais uma vez, muito elogiado na equipe. O ex-piloto austríaco Gerhard Berger, diretor da BMW, falou que vê-lo pilotar é “uma experiência das mais divertidas”. “Juan tem uma capacidade incrível de explorar o máximo potencial de um carro”, falou o ex-piloto austríaco.

Pelo que aconteceu ontem nos treinos, com o favoritismo em Magny-Cours transferido para o colombiano, a conquista do penta de Schumacher pode ser mesmo adiada, embora se saiba que, em ritmo de corrida, a Ferrari vem dando uma surra na concorrência. Mas, se acontecer, a marca histórica entrará para os registros num momento de particular baixo astral da F-1. A Arrows, quase falida, decidiu não correr e fez um teatrinho para seus pilotos Enrique Bernoldi e Heinz-Harald Frentzen não obterem tempo de classificação. E Giancarlo Fisichella, da Jordan, não participa da prova por recomendação médica, após um violento acidente nos treinos livres. Será substituído por Frentzen, que treinou num time e vai correr por outro, que o demitiu no ano passado. A FIA permitiu a barbaridade e o alemão, piloto de vida fácil que estava processando a Jordan, vai correr.

Talvez seja melhor mesmo para Schumacher deixar para ser campeão na Alemanha. Lá, pelo menos, corre diante de sua torcida. E a festa pode ser mais animada.

Arrows faz teatro e não corre

Magny-Cours – Quem achava que a marmelada da Ferrari em Zeltweg tinha levado a F-1 ao fundo do poço não sabia ainda o que estava por vir. Ontem, talvez pela primeira vez na história, uma equipe ordenou aos seus pilotos que andassem devagar. E eles concordaram. Enrique Bernoldi e Heinz-Harald Frentzen foram orientados pela Arrows a não se classificar para o grid.

A participação fajuta na sessão de classificação configurou, formalmente, a presença da Arrows no GP. Se a equipe não fosse para a pista, poderia ser multada em até US$ 1 milhão por não correr sem uma justificativa aceitável. Mas teve mais. Cinco horas depois de encerrada a classificação, a Jordan pediu à FIA para usar Frentzen no lugar de Giancarlo Fisichella, que sofreu um forte acidente nos treinos livres e teve sua participação na prova vetada pelo médico-chefe da FIA, Sid Watkins. A FIA aceitou, baseada no artigo 60 do regulamento esportivo que permite troca de pilotos “por motivo de força maior”.

O mais surpreendente: Frentzen, que foi titular da Jordan de 1999 até a metade de 2001, foi demitido pela equipe na semana do GP da Alemanha do ano passado. Um piloto, por assim dizer, de vida fácil. (FG)

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