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Na Olimpíada “a la Brasil”, organização omite Temer e pede tolerância no mundo

Foto: Beto Barata/PR

Na Olimpíada “a la Brasil”, a cerimônia de abertura dos Jogos do Rio de Janeiro pede tolerância no mundo e o respeito pela diversidade. Nesta sexta-feira, a abertura do evento esportivo transmitido para 3 bilhões de pessoas serviu para mandar ao mundo uma mensagem política. Mas os organizadores adotaram medidas para evitar uma vaia ou protestos contra o presidente interino, Michel Temer.

Seu nome não foi anunciado no início do evento e apenas os alto-falantes destacaram a presença do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach. No programa distribuído a um grupo de jornalistas, a entidade também eliminou a referência ao presidente brasileiro.

Em seu discurso, Bach citou o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman. Mas fará apenas uma referência geral às autoridades brasileiras, sem citar Temer. O primeiro a falar foi o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Em uma mensagem em vídeo, ele pediu que as “armas se silenciam” e que as divisões sejam superadas. Mas será o discurso de Thomas Bach e o cenário brasileiro com foco no multicultural que darão o tom.

Se a segurança era uma prioridade diante do risco do terrorismo, todo cuidado protocolar também fazia parte da complexa agenda. Quando faltava uma hora e meia para o começo do evento, Bach foi até a tribuna de honra do Maracanã para conferir onde cada um dos chefes de estado se sentariam e garantir que não haveria contratempos e nem inimigos políticos sentados um perto do outro. Ao ver a reportagem, apenas levantou o dedo polegar e disse: “Vamos”.

O cuidado não era por acaso. Campanhas eleitorais entre opositores e grupos políticos rivais de diversos países estavam sentados na mesma tribuna. Para não ter de chamar Michel Temer de presidente interino, Bach apenas saudará as “autoridades brasileiras” em seu discurso.

Temer chegou minutos antes do início do evento e se sentou ao lado de Ban Ki-Moon e Bach. Os demais chefes de estado, porém, ficaram mais distantes. Nas arquibancadas, um grupo chegou a puxar um coro de “Fora Temer”. Mas foi abafado por outro grupo de torcedores, vaiando a manifestação política. Durante o evento, uma vez mais um grupo tentou gritar quando o estádio fez silêncio.

Em seu discurso, o alemão voltará a citar o fato de haver “um momento muito difícil na história do Brasil”. Mas complementará: “será uma Olimpíada a la Brasil”. “Sempre acreditamos em vocês”, dirá.

No total, 45 chefes de estado e de governos viajaram até o Brasil para o evento. O número é bem inferior ao que foi registrado há quatro anos, em Londres. Mas, ainda assim, todos os que desembarcaram no Rio tinham uma agenda própria e seus interesses políticos a cumprir.

O presidente da França, François Hollande, e Matteo Renzi, o primeiro-ministro italiano, queriam convencer o COI a levar os Jogos para Paris ou Roma. Já o secretário de estado norte-americano, John Kerry, veio fazer lobby por Los Angeles para sediar o evento em 2024. Não faltaram ainda dezena de deputados e senadores que receberam ingressos de graça.

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