Roma – A Itália quer proibir a presença de público nos jogos realizados em estádios que não atenderem aos padrões de segurança estabelecidos pelo governo, e pretende também vetar, em quaisquer circunstâncias, a venda de ingressos a pessoas identificadas como participantes de confusões e até mesmo a torcedores das equipes visitantes.
As medidas foram anunciadas ontem pelo ministro do Interior, Giuliano Amato, três dias depois dos incidentes no jogo Catânia 1×2 Palermo, na sexta-feira, que resultaram na morte de um policial e no cancelamento de todos os jogos das duas primeiras divisões do campeonato italiano e do amistoso da Itália com a Romênia, que seria realizado nesta quarta-feira, em Siena. O policial, Filippo Raciti, que tinha um casal de filhos, foi enterrado nesta segunda-feira.
A decisão final sairá na quarta-feira, após reunião ministerial, e depois disso a Federação Italiana de Futebol (FIGC) vai anunciar se os jogos voltarão a acontecer – o italiano parou com apenas um jogo pela 22.ª rodada, e no fim deste mês as equipes locais já voltam a disputar as copas européias. ?Este é um ponto do qual não abro mão?, defendeu Amato, cuja pasta é responsável pela polícia e pela segurança no país.
Dos estádios atualmente utilizados na série A do italiano, apenas quatro obedecem plenamente aos requisitos estabelecidos pelo ministério do Interior: o Estádio Olímpico de Roma (utilizado por Roma e Lazio), o Delle Alpi, em Turim (Torino e Juventus, na Série B), o Artemio Franchi (Siena) e o Renzo Barbera (Palermo). Os demais, inclusive o San Siro/Giuseppe Meazza, dividido por Milan e Internazionale, ainda precisariam passar por adaptações antes de voltar a receber o público. Além das reformas nos estádios, o governo italiano vai proibir que os clubes tenham qualquer tipo de relação com as torcidas organizadas.
De olho no dinheiro, os clubes prometem um forte lobby para derrubar o veto ao público e retomar os jogos o quanto antes – estima-se que os clubes arrecadem por ano cerca de 770 milhões de euros em venda de ingressos, merchandising e direitos de TV. ?Os que cometeram erros devem ser punidos, mas jogar sem público é a morte do futebol?, defendeu o zagueiro Maldini, capitão do Milan, um dos clubes prejudicados com a medida.
?O futebol é uma das indústrias mais importantes da Itália. Estamos tristes, mas o show tem de continuar?, disse Antonio Matarrese, presidente da Liga Calcio, que organiza o campeonato italiano.