Na final do Paulistão, diretoria do Audax luta contra o efeito do sucesso

A surpreendente campanha do Audax no Campeonato Paulista dará uma guinada na carreira de vários titulares do time do técnico Fernando Diniz. Grandes clubes demonstram interesse em jogadores como Tchê Tchê (já fechou com o Palmeiras), Bruno Paulo e Camacho. Além disso, outros atletas, como Juninho e Mike, poderão retornar de empréstimo aos seus clubes com outro status e perspectiva.

O ex-jogador Vampeta, presidente do Audax, confirmou que seus jogadores devem trocar de time após os dois jogos contra o Santos na decisão do Estadual, nos dois próximos domingos. “A boa campanha fez com quem muitos jogadores já tenham sido procurados por outras equipes”, afirmou.

A diretoria do Audax tenta “blindar” os atletas do assédio, mas é uma tarefa muito difícil. Principalmente porque a maioria dos titulares tem contrato curto, que terminam logo após o fim do Paulistão.

Alguns jogadores, como o goleiro Sidão e o atacante Mike, tinham contratos até este sábado e os acordos tiveram de ser prorrogado por um mês apenas para que pudessem atuar nos dois jogos da final. Ou seja: o desmanche do Audax já ocorreria mesmo se a campanha não tivesse sido acima do esperado. Isso acontece porque o calendário é ingrato para os clubes pequenos. O Audax, por exemplo, só estreia na Série D do Campeonato Brasileiro em junho. Ate lá o time será remontado.

Mas quem atuou na campanha do Paulistão só tem o que comemorar. “Tudo no Campeonato Paulista foi acontecendo aos poucos e sempre foram coisas boas para mim e para o time. Se a gente não chegasse longe, nosso time não seria lembrado”, disse o meia Camacho, na mira do Corinthians.

Camacho não é único atleta que interessa ao clube do Parque São Jorge. Bruno Paulo também entrou na mira do time alvinegro, cujos dirigentes têm boa relação com o presidente Vampeta, ex-jogador e ídolo da equipe.

O caso de Bruno Paulo só reforça o quanto a campanha do Audax pode influenciar no seu futuro. Revelado pelo Flamengo, o atacante de 26 anos já tinha assinado um pré-contrato com o Joinville, que disputa a Série B do Brasileiro. Porém, o jogador pode assinar com outro clube caso receba uma proposta mais vantajosa.

Para o meia Juninho, a campanha do Audax poderá fazer com que ele seja aproveitado pelo Palmeiras, onde foi revelado nas categorias de base e com quem tem contrato. Ele havia sido emprestado, mas seu desempenho no Paulistão já chamou a atenção do técnico Cuca.

O “assédio” de clubes tradicionais fez com que a diretoria levasse o time para uma semana de preparação em Sorocaba (SP), em regime de concentração para o primeiro jogo da final. “É até bom para a gente se concentrar e evitar o ‘oba-oba’ da torcida e da agitação. Temos que nos preparar para a decisão”, disse o meia Velicka. Na mesma cidade a equipe também se refugiou antes de enfrentar o São Paulo e o Corinthians.

Até mesmo o treinador Fernando Diniz, cujo contrato termina após o Paulistão, deve trocar de clube. No ano passado ele deixou o time ao fim do Estadual para dirigir o Paraná na Série B do Brasileiro.

ABISMO FINANCEIRO – Para os clubes grandes, é muito mais fácil contratar jogadores do Audax ou de outros times pequenos porque o poder de investimento é maior. Por exemplo: nenhum jogador do clube de Osasco (SP) recebe mais de R$ 20 mil por mês – a maioria ganha menos da metade e só chega ao teto salarial se cumprir metas de produtividade. A folha de pagamento é de R$ 350 mil.

O Corinthians gasta por mês 20 vezes mais que o Audax com o elenco. A folha salarial do time alvinegro é de R$ 7 milhões e um bom número de atletas recebe entre R$ 300 mil e R$ 500 mil.

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