As trovoadas que ecoaram na tarde de ontem na Vila Capanema deram a sonoplastia ideal para o clima pesado que se abate no reduto paranista. A pífia campanha no campeonato paranaense – três derrotas e um empate, fez com que a diretoria ligasse o sinal de alerta e mexesse no time.
Admitindo falhas no planejamento e na avaliação no momento das contratações, a diretoria dispensou quatro atletas, contratados no início de janeiro. Os laterais Marcos Lucas e Alcir, o atacante Ednaldo e o zagueiro Anderson Carvalho, que sequer entrou em campo, viram suas cabeças rolarem oficialmente na tarde de ontem.
Apesar da irritação do diretor de futebol Ricardo Machado Lima, os atletas conversaram com a reportagem e desabafaram. Ednaldo, que teve que encarar sua segunda dispensa do Paraná Clube, acredita que ele e os companheiros dispensados foram usados de bodes expiatórios em função dos maus resultados. “Nessas horas, em que os resultados não vêm, tem que dar uma mexida. Mesmo que para isso tenham que ocorrer dispensas. Mas nós não perdemos os jogos sozinhos. E não aceitamos essa história de que tenha faltado atitude. Ninguém entra em campo para perder”, disse, rebatendo a declaração do vice de futebol José Domingos, que disse que faltou aos jogadores atitude e responsabilidade.
No seu caso específico, entretanto, ele reconhece que a falta de gols – o Paraná ainda não conseguiu balançar a rede nesse campeonato – foi determinante para a sua dispensa. “O atacante vive de gols e eu não marquei. Isso pesou. Mas a culpa não é só minha. O Paraná está com problema sério na armação das jogadas.”
Outro fator que Ednaldo acredita que esteja pesando para o mau desempenho do time é a falta de planejamento da diretoria. “O Paraná foi desmontado e tivemos pouco mais de 20 dias de treinamento. Uma equipe não ganha conjunto em tão pouco tempo.”
Se para Ednaldo a adaptação foi difícil, para o zagueiro Anderson Carvalho não houve nem tempo para isso. Em uma atitude surreal, a diretoria o dispensou antes mesmo dele atuar com a camisa do clube. “Quando fui contratado, a diretoria sabia que tinha ficado parado por seis meses devido a problemas familiares (a esposa do atleta atravessou uma gravidez de risco). Eu ainda estou entrando no ritmo, mas como o Paraná precisa de soluções urgentes, acabou sobrando para mim também”, lamentou Anderson.
O técnico Saulo de Freitas, que inclusive indicou a contratação de Ednaldo, lamentou as dispensas. “Infelizmente esses atletas não corresponderam como esperávamos. Precisamos de atletas que respondam de imediato”, disse. “Houve uma falha no planejamento e agora teremos que correr contra o relógio para corrigir os erros. Não adianta lamentar. Tem que consertar o mais rápido possível”, concluiu.
Agora, a busca de contratações
Com as dispensas de quatro atletas esta semana e as três da semana passada (Welington, Washington e César Romero), o elenco paranista passou a contar, desde ontem, apenas com 17 jogadores. Isto porque ontem a diretoria assinou contrato com o meia Athos, que ficou em teste por quinze dias e reintegrou o lateral-esquerdo Anderson, que havia sido afastado na semana passada.
Por isso mesmo, continua a busca por reforços. “A diretoria garante que continua buscando reforços. Mas não está fácil. Enquanto esperamos, vamos trabalhando para o clássico contra o Atlético, no domingo”, diz o conformado técnico Saulo de Freitas.
O próximo reforço para o time da Vila deve ser o experiente atacante Leonardo, que teve passagem marcante pelo Sport e estava no Belenenses, de Portugal. A diretoria confirma que o reforço para o ataque vem de fora, mas prefere não confirmar nomes. “Estamos trabalhando e esperamos anunciar o novo atacante até o final da semana”, diz o vice de futebol José Domingos.
A diretoria também está correndo para regularizar a situação do atacante Fábio, contratado no sábado, para que ele esteja disponível no domingo, já que agora o elenco não conta mais com Ednaldo e corre o risco de ficar sem atacante algum para o clássico, já que Vandinho está no departamento médico, com um problema muscular. O jogador estava no Mariscal Braw, da Bolívia, e por se tratar de uma transição com o exterior, o processo de registro pode ser mais lento.
O registro do meia Athos, que estava no Nacional-AM, deve ser mais rápido. O jogador treinou ontem pela primeira vez como atleta do Paraná e sua felicidade se contrapunha ao clima pesado ocasionado pela derrota por 1 a 0 para o Malutrom, no sábado. “Estou muito animado por poder defender o Paraná e pronto para encarar essa situação difícil. Pelo tempo que fiquei em teste, pude conhecer a qualidade do grupo. Sei que temos qualidade para reverter esse quadro”.
Sidnei
O meia-atacante Sidnei, ex-Marília, estava com um pé na Vila Capanema, mas acabou não assinando contrato. Pelo menos por ora. Apesar de a diretoria ter entrado em entendimento com o atleta e reconhecer que ele seria peça importante no esquema do time, o jogador acabou barrado pelo departamento médico. Ele está com uma lesão no músculo posterior da coxa e precisa de pelo menos um mês para se recuperar. Por isso, só deve acertar, de fato, em março.