São Paulo – Uma cidade tão grande não consegue ter apenas uma cara. A São Paulo que ontem recebeu o Congresso da Fifa e que hoje abre a Copa do Mundo é também a cidade em que metroviários ameaçam parar tudo, onde governo estadual e prefeitura não se acertam em nada, em que há um temor brutal de que aconteçam manifestações que nenhum órgão de segurança conseguiu prever. O esquema para controle de distúrbios (e para que tudo corra bem em Itaquera) hoje é dos maiores já vistos na maior cidade da América Latina.

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As autoridades garantem que não serão surpreendidas por protestos em qualquer lugar de São Paulo. Mesmo que as atenções estejam voltadas para Itaquera, onde está a Arena Corinthians, é certo que Polícia Militar e Exército também estarão pra lá de atentos no hotel onde a seleção brasileira está concentrada, em pontos-chave como grandes estações de metrô, na rota que a presidente Dilma Rousseff fará até o estádio e na Avenida Paulista, palco dos grandes protestos de 2013.

A certeza de todos os políticos envolvidos com a Copa, inclusive em conversas reservadas com jornalistas, é que não haverá nada tão assustador como no ano passado. Há uma estrutura para conter os tumultos e há até uma crença de que todos os manifestantes vão evitar maiores confusões – dando a impressão de que houve uma espécie de “cessar-fogo” no período do Mundial. Só não se imagina que os black-blocks estão contidos, mas as autoridades dizem ter esses grupos totalmente
rastreados.

A ameaça passaria a ser a volta da greve dos metroviários. O governador Geraldo Alckmin garantiu que haveria metrô e trem até o Itaquerão. “Nós teremos tanto o Metrô quanto a CPTM (os trens)”, afirmou. Mais que uma manutenção da frota, seria a garantia de um dia minimamente tranquilo em
São Paulo.

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Ontem, duas manifestações de menor porte, uma no centro e uma na Cidade Universitária (perto da Marginal Pinheiros), somadas às barreiras na Vila Mariana e na Chácara Santo Antônio, já dificultaram a vida de quem precisava trabalhar. Uma nova greve seria o que os organizadores da Copa mais temem – um caos no dia do início do Mundial.

Pouca mobilização

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Apesar de ser em São Paulo a abertura da Copa, não se vê aquele clima de festa. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, os paulistanos se dividem entre a preocupação e a expectativa. Poucos carros são vistos com bandeiras do Brasil ou adereços alusivos ao Mundial, quase nenhuma rua está decorada. Um ambiente semelhante à Curitiba e à maioria das cidades brasileiras.