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Na 70ª edição do GP da Itália, Ferrari tenta encerrar jejum de nove anos em Monza

Depois de Charles Leclerc triunfar na Bélgica e garantir à Ferrari a sua primeira vitória nesta temporada da Fórmula 1, o piloto monegasco e o alemão Sebastian Vettel vão lutar neste domingo para encerrar um jejum bem mais longo – e incômodo – para a equipe de Maranello. Na corrida com largada às 10h10 (de Brasília), a dupla tentará quebrar um jejum de nove anos sem vitórias da escuderia no GP da Itália, em Monza, onde o último piloto a conseguir ganhar guiando o tradicional carro vermelho foi o espanhol Fernando Alonso, em 2010.

Recordista de vitórias no GP italiano, com 18 ao total em 69 edições desta prova na história da F-1, a Ferrari tenta dar continuidade ao seu princípio de reação no campeonato deste ano em uma corrida na qual, para ela, alcançar o sucesso significa atingir um feito emblemático, dando aos seus fanáticos torcedores o sentimento comparado ao que se tem quando uma pessoa vê seu clube de coração vencer um grande clássico no futebol.

Isso ficou claro na última quinta-feira, quando Vettel qualificou essa corrida como a “mais importante do ano” para a equipe, embora ele e Leclerc hoje ainda estejam distantes de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, respectivos líder e vice-líder no Mundial com a Mercedes, na luta pelo título. O britânico hoje ostenta 99 pontos de vantagem sobre o alemão da Ferrari, o quarto colocado, que está atrás também do holandês Max Verstappen, o terceiro pela Red Bull. Já o monegasco se vê a 111 pontos do primeiro colocado.

E uma das razões para a Ferrari acreditar na quebra do jejum de vitórias em sua casa é o fato de que a pista de Monza, muito veloz e com curvas de alta, tem as características consideradas ideais para o carro do time italiano, hoje o mais rápido de reta no grid da Fórmula 1. Nas primeiras provas desta temporada, a Mercedes impôs um domínio histórico aos rivais ao oferecer aos seus pilotos um monoposto que possui um projeto mais eficiente, que consegue extrair o melhor desempenho dos pneus nas curvas por possuir uma maior pressão aerodinâmica.

Procurado pelo Estado, o jornalista italiano Claudio Carsughi, que há várias décadas opina como um dos maiores especialistas em Fórmula 1 na imprensa brasileira, afirmou que não vê a Ferrari à frente da Mercedes na briga pela vitória em Monza, mas ele reconhece que o traçado da tradicional circuito italiano aumenta as chances de triunfo da escuderia de Maranello.

“Eu não entendo que a Ferrari entre como favorita. Entra em igualdade de condições com a Mercedes. Você pode observar que a Mercedes tem um excelente nível de aproveitamento, ela pode ter dois, três ou quatro níveis de fornecimento de potência, de acordo com as necessidades, então eu acho que será uma disputa muito equilibrada. Mas é claro que (nesta pista de Monza) não existem aquelas características negativas que se encontram na análise comparativa dos dois carros em curvas fechadas. Se você observa em saída de curva fechada, a Mercedes consegue acelerar imediatamente na saída sem perder a traseira, enquanto a Ferrari tem de esperar um pouquinho para poder acelerar. Essa é a grande diferença”, afirmou Carsughi.

Em seguida, ele destacou que a também veloz pista do circuito de Spa-Francorchamps colaborou para que Leclerc pudesse vencer o GP da Bélgica no último domingo. “O problema em saída de curva fechada continua existindo. A Ferrari só pode acelerar um instantinho depois do que a Mercedes porque o seu carro não tem boa tração. E o sucesso da Ferrari em Spa e o seu eventual sucesso em Monza se determina pelas características do circuito e não pela melhoria do carro”, completou o especialista, que atualmente tem um blog no portal UOL e também é correspondente no Brasil do diário italiano La Stampa.

Se por um lado Carsughi não vê uma evolução técnica do monoposto vermelho na retomada do campeonato após as férias de meio de temporada, por outro ele se empolga ao ser questionado sobre a possibilidade de a equipe de Maranello voltar a vencer em Monza nesta que será uma histórica 70ª edição do GP da Itália. Esta prova nunca deixou de figurar no calendário da F-1, cuja primeira temporada ocorreu em 1950. E vale lembrar que neste longo período em apenas uma ocasião, em 1980, a etapa italiana não ocorreu em Monza, mas em Ímola, onde o brasileiro Nelson Piquet acabou conquistando a vitória pela Brabham.

“Acho que Monza é uma coisa única. Eu ainda sou do tempo em que o Campeonato Mundial acabava em Monza e não havia toda a fase ‘extra europeia’ que o Bernie Ecclestone (ex-chefão da F-1) conseguiu depois comercializar para tornar a Fórmula 1 um ‘grande dinheiro’. Era uma coisa, digamos, ‘mais esportiva’, pois eram apenas seis corridas para o campeonato, e neste sentido é claro que há todo um entusiasmo e uma vontade de vencer para a Ferrari”, ressaltou o jornalista, que também não tem medo de cravar por antecipação que Hamilton será o campeão desta temporada e irá faturar o seu sexto título na F-1.

“Eu esperava que Spa e agora Monza fossem as pistas da reação do Cavallino (Rampante, nome do símbolo do time italiano). Em Spa isso aconteceu, em uma pista em que a Ferrari sempre vai bem, e poderá acontecer também em Monza. Mas é claro que isso não vai influenciar em nada o campeonato, que o Hamilton já ganhou de uma forma amplamente merecida. Hamilton ganha o título mundial de pilotos e a Mercedes ganha o campeonato de construtores. Para nós, ‘tiffosos’ da Ferrari, seria muito bonito ver novamente uma Ferrari vencedora em Monza. E eu me lembro, já faz muito tempo e eu estava lá em 1966, quando Ludovico Scarfiotti venceu com a Ferrari”, recordou Carsughi, de 86 anos de idade, que também admite ser um “torcedor assumido” da escuderia italiana.

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