São Paulo – Musas na quadra e integrantes da geração que fez o vôlei feminino ganhar destaque na década de 90, Leila e Ana Paula formam a dupla mais bonita do circuito mundial de praia. Elas se conhecem há 18 anos (juntas, somam a experiência de 3 olimpíadas; ambas são tricampeãs do Grand Prix), mas formam a dupla há apenas 8 meses. Em 2005 não tiveram tempo e recursos para fazer a temporada ideal ?era um ano de transição?, observa Leila. Mas agora, com patrocínio e infra-estrutura técnica, têm um objetivo traçado: serem donas de uma das duas vagas do Brasil no Pan do Rio, em 2007, e na Olimpíada de Pequim, em 2008.

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Ontem, Ana Paula e Leila deixaram os treinos sob um sol de 40 graus, na Praia de Ipanema, no Rio, para vir a São Paulo com a técnica Letícia Pessoa, Assinaram bom contrato de patrocínio com o banco Cruzeiro do Sul, que apóia o judoca Daniel Hernandez e faz um torneio de tênis.

?Já cheguei a pensar: ?será que eu sou só bonitinha ou jogo bem?? Mas isso já passou. Quando o Bernardinho disse que quem quisesse ser musa ia ficar no banco de reservas, eu pensei que tinha de treinar muito mais para não ser só musa. Ser só uma figura bonitinha, não adianta, um dia isso acaba?, afirma Ana Paula, de 33 anos e 1,83 m, na praia há sete anos. ?Tenho orgulho de ser o rostinho exótico adorado pelos asiáticos, mas quero ser lembrada como a canhotinha do Brasil, pela história da nossa equipe. Já passou o tempo de eu ser musa?, diz Leila, de 34 anos e 1,79 m, que se uniu a parceira em 2005.

Para quem teve as viagens pagas por Ronaldo, do futebol, no ano passado, dessa vez a dupla poderá contar com uma equipe de 12 pessoas, como médicos, fisioterapeuta, auxiliares para bater bola, psicóloga, técnica, montador de rede… A técnica Letícia Pessoa, que trabalhou com Adriana Behar e Shelda por nove anos, tem uma certeza: uma das vagas do Pan e da Olimpíada vai ser da sua dupla. Será uma briga boa entre seis equipes, avaliam Ana e Leila.

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A dupla estréia no circuito mundial em Dubai, em abril. Serão 16 etapas, com pontos para o ranking mundial, seletivo ao Pan e à olimpíada. Em 2005, a dupla teve um ?treino de luxo?, mas agora é para valer, prometem.

?Briga de técnicos é vaidade?, dizem jogadoras

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Ambas já atuaram com os técnicos Bernardo Rezende e José Roberto Guimarães e, longe das quadras, entendem que a troca de farpas entre eles, polêmica que vem marcando o vôlei, é uma questão de vaidade e vai passar. Ana Paula, que já foi ameaçada com a reserva se priorizasse a vaidade da musa, devolve a Bernardinho, extensivo a Zé Roberto, o conselho.

?É uma besteira eles ficarem se pegando. Já trabalhei com os dois e sei que ambos são competentes e ótimas pessoas. São dois campeões olímpicos. O vôlei tem espaço para os dois. Eles poderiam deixar isso de lado, serem mais humildes, parar com essa besteira. Os dois têm em casa uma medalha dourada que todos queriam ter. Eles tinham mais é que se cumprimentar. Não precisam ser amigos, mas não precisa ter inimizade?, opina Ana Paula.

A atleta fica orgulhosa da irmã Marcelle, levantadora que atua na seleção de Zé Roberto. Garante que as jogadoras não se envolvem em coisas que dizem respeito às comissões técnicas. ?Fico feliz porque a comunidade do vôlei já fala dela como grande levantadora. O nome dela é forte para segurar a posição que foi da Fernanda?.

Leila também não teve como fugir às perguntas sobre os técnicos, já que atuou com os dois. ?Não convivi com o grupo até o final, não sei como foi na Olimpíada de Atenas. Mas é algo que não tem muito fundamento. Não precisa remexer em feridas do passado. Se era para ter lavado roupa suja, deveria ter sido feito quando acabou olimpíada. Graças a Deus, o Zé conseguiu reestruturar a seleção feminina. As meninas tiveram ótimos resultados em 2005. A melhor forma de mostrar capacidade é com o trabalho e os dois estão fazendo isso. Acho besteira e não dei a mínima. Não é bacana ver dois técnicos de seleção em atrito. Nem sei por que isso começou?.