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Murray encara pressão para se manter no topo do ranking do tênis

O escocês Andy Murray começa 2017 com a missão de manter o posto de tenista número 1 do mundo. E promete travar intensa batalha com o sérvio Novak Djokovic desde os primeiros dias do ano. Os dois jogadores, separados apenas por 630 pontos no ranking, estão confirmados no Torneio de Doha, um ATP 250 realizado no Catar, que começa nesta segunda-feira e termina em 7 de janeiro. A competição serve como preparação para o Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam da temporada.

Aos 29 anos, Murray é o 26.º jogador da história a chegar ao topo do ranking de tênis e o segundo mais velho a debutar na liderança, atrás apenas do australiano John Newcombe, que tinha 30 anos no dia 3 de junho de 1974. Foi quem mais demorou a dar o salto para o topo entre o “Big Four” – apelido do grupo composto por ele, Djokovic, Roger Federer e Rafael Nadal.

O tenista, que passou 76 semanas como vice-líder, tardou em conquistar seu primeiro Grand Slam. Falhou em quatro finais até vencer o US Open de 2012 e superar a fama de perdedor.

Em 2013, faturou o título de Wimbledon e acabou com a espera britânica de 77 anos por um título do torneio. Depois, liderou a Grã-Bretanha na Copa Davis em 2015, quebrando um jejum de 79 anos, e sagrou-se bicampeão olímpico nos Jogos do Rio, em julho de 2016. Com 44 troféus na carreira e US$ 58,72 milhões (R$ 191,16 milhões) em premiações, ele obteve resultados expressivos, sobretudo, para a sua nação.

Murray colocou o nome de Dunblane, sua terra natal, entre as manchetes internacionais. E dessa vez o local virou notícia por um bom motivo. Em março de 1996, a cidade escocesa ficou conhecida por um massacre que chocou o mundo e deixou marcas na vida dos sobreviventes. Thomas Hamilton, um ex-chefe de escoteiros, invadiu o ginásio da escola primária onde Andy e seu irmão mais velho Jamie estudavam, matou a tiros 16 crianças e um professor e cometeu suicídio em seguida.

O tenista evita falar sobre o assunto, mas escreveu o prefácio de um livro que conta a história de um centro comunitário no local, erguido com o dinheiro doado por causa da tragédia. “A escola que frequentei testemunhou uma tragédia que eu nunca vou esquecer e que sempre vou sentir dificuldade de falar a respeito, ou de compreender Depois, Dunblane encontrou a determinação e um propósito. Algo que todos têm uma ligação com a cidade, do passado ou do presente. Vão sempre poder se orgulhar.”

Quando o incidente devastou o Reino Unido, Andy tinha apenas oito anos, e Jamie, dez. Unida, a família Murray lutou para deixar esse triste episódio no passado. E a proximidade dos irmãos é mantida até hoje. “Nós nos damos muito bem e somos muito próximos. Nós não passamos muito tempo juntos mesmo nas competições porque cada um tem sua programação, mas sempre apoiamos um ao outro”, conta Jamie, duplista número 1 do mundo ao lado do brasileiro Bruno Soares, ao jornal O Estado de S. Paulo. A dobradinha Murray nos rankings de simples e dupla é motivo de orgulho para a mãe Judy, que foi capitã da equipe britânica da Fed Cup.

Em sua escalada na carreira, Andy Murray não forçou sorriso para as câmeras e lidou bem com o fato de não ter o carisma de Roger Federer ou a descontração de Novak Djokovic. Apesar de parecer introspectivo, sempre mostrou personalidade forte. As declarações do britânico fora de quadra geraram repercussão nesta temporada, quando defendeu a premiação igualitária entre homens e mulheres no circuito de tênis e não se esquivou em sua fala após um escândalo de manipulação de resultados. O número 1 do mundo tem os valores de sua vida e também de sua carreira bem definidos e mostra que a coroa está em boas mãos.

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