O técnico Muricy Ramalho pediu demissão e deixou o comando do Fluminense na noite deste domingo, logo depois do empate sem gols no clássico com o Flamengo, no Engenhão, pelo Campeonato Carioca. Ele ficou 11 meses no cargo, tendo conquistado o título do Brasileirão, mas alegou falta de estrutura no clube e rompeu o contrato que iria até 2012.
Muricy chegou ao Fluminense em abril do ano passado. Em julho, com a demissão de Dunga após a Copa do Mundo na África do Sul, ele foi convidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para assumir a seleção brasileira. Ficou empolgado com a oportunidade, mas, diante da recusa do clube carioca em liberá-lo, preferiu cumprir seu contrato e recusou a oferta para comandar o Brasil – com isso, Mano Menezes ficou com o cargo.
Ao continuar no comando do Fluminense, Muricy liderou o time na conquista do título do Brasileirão, algo que não acontecia desde 1984. Assim, foi campeão brasileiro pela quarta vez, depois das três vitórias seguidas com o São Paulo em 2006, 2007 e 2008.
Apesar do prestígio alcançado com o título brasileiro, tendo sido eleito o melhor treinador do campeonato pela quinta vez na carreira, Muricy enfrentou diversos problemas no comando do Fluminense nesta temporada. Fracassou na Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca, ao perder para o modesto Boavista na semifinal. E também teve campanha fraca na Libertadores, somando apenas dois pontos nas três primeiras rodadas.
Diante dos resultados ruins, começou a pressão da torcida sobre Muricy. Mas o fator decisivo para a saída do treinador foi mesmo o momento político do Fluminense – o vice-presidente de futebol Alcides Antunes foi demitido no último sábado pelo presidente Peter Siemsem -, e a falta de infraestrutura do clube, já que ele considerava não ter condições adequadas para trabalhar.
“Quando cheguei ao clube foram prometidas duas condições: uma equipe para ser campeã e a melhoria na estrutura física do clube. O primeiro foi conquistado com o título do Campeonato Brasileiro de 2010. E o segundo, a melhoria na estrutura, não foi realizada”, justificou Muricy, em comunicado divulgado pela sua assessoria – ele não deu entrevistas no Engenhão. “Quero muito agradecer a todos que trabalharam comigo durante esse período e dizer que meu ciclo foi encerrado no clube.”
“É uma estrutura antiquada, concordo com Muricy. Nós vamos nos matar de tanto trabalhar para dar estrutura aos profissionais de futebol, para que nunca mais o Fluminense se depare com uma situação como essa. Estamos todos muito tristes”, lamentou Peter Siemsen, que assumiu a presidência do clube em dezembro do ano passado.