Muricy comanda o São Paulo com garra e simplicidade

São Paulo – Nada de usar terno e gravata à beira do gramado, termos complicados e neurolingüística ou psicologia para lidar com o elenco. Muricy Ramalho pode ser definido como treinador ?boleiro?, que fala a linguagem do jogador e entende, com perfeição, sua maneira de ser. Grita, gesticula, vibra e sabe como motivar sua equipe. Esse é o maior mérito do técnico que levou o São Paulo à final da Copa Libertadores e tem a chance de conquistar o maior título da carreira.

?Nosso time é experiente, acostumado a decisões e sabe o que quer?, elogia Muricy.

Como treinador, Muricy Ramalho é uma cópia do que foi dentro de campo. Guerreiro, era um jogador veloz e habilidoso, que gostava muito de atacar. É esse espírito que procura transmitir aos comandados. ?Eu tinha a fama de rebelde só porque usava cabelos compridos?, recorda Muricy. ?Mas eu era obediente, sempre trabalhei com técnicos muito bons.?

Depois de deixar os gramados em razão de uma lesão no joelho, Muricy se tornou treinador e foi discípulo fiel de Telê Santana, com quem aprendeu a liderar elencos e a ganhar títulos. ?Procuro colocar em prática tudo o que o Mestre ensinava?, comenta.

?O que ele mais dizia é que a repetição leva à perfeição.

De tanto ensaiar e tentar, uma hora o jogador acerta.?

No dia-a-dia, Muricy gasta a maior parte do tempo insistindo em fundamentos, como jogadas de bola parada, chutes a gol e cruzamentos. Os resultados são visíveis. ?O cruzamento do Souza para o gol do Ricardo Oliveira (contra o Chivas, quarta-feira) foi excelente?, descreveu. ?Valeu ele ficar cruzando 50, 60 bolas na área, todo dia.?

Mas a cobrança é constante. Basta um passe errado ou uma bola perdida na defesa – mesmo num simples treino coletivo – para que o jogador leve uma bronca. ?Dizem que não adianta gritar com o time, durante os jogos?, diz.

?Mas os jogadores ouvem, sim. Quando fazem alguma coisa errada, nem olham para mim, sabem que vou cobrar.?

Tanta dedicação tem seu preço. As apresentações do time, boas ou ruins, literalmente lhe tiram o sono. ?Nunca vou dormir antes das 4 da manhã?, confessa Muricy. Depois de bater o Chivas, só foi deitar às 5 da madrugada. ?É muita adrenalina, fico pensando no que aconteceu e no que podemos melhorar.?

Tricolor vive ?Era Rogério Ceni?

São Paulo – O técnico Muricy Ramalho acredita que os dois períodos mais gloriosos da história do São Paulo podem ser divididos da seguinte forma: a ?Era Telê?, no início dos anos 90, e a ?Era Rogério Ceni?, hoje. O primeiro, como treinador, levou o tricolor a duas conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes.

O segundo, como goleiro e capitão do time, está próximo de igualar esse feito. ?Tem sempre um personagem que é escolhido para definir um grande momento.

E este momento é o do Rogério?, diz Muricy.

Reconhecimento ou exagero? ?Para mim não existe jogador mais importante. Cada figura marca presença no clube?, garante o goleiro.

Muricy não acha um exagero. ?Rogério realmente está fazendo a diferença e é um dos melhores do mundo. Por isso, sempre aparece nas horas de decisão. Temos um time muito competitivo e ele representa tudo isso?, afirma o treinador.

Como auxiliar-técnico de Telê, Muricy é a melhor pessoa para comparar a atual equipe com aquela do início dos anos 90. Difícil é apontar a melhor. ?O time do Telê jogava mais bonito. Eram muitos craques juntos. O nosso time é mais obediente taticamente, é mais competitivo?, conclui.

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