O Mundial de Atletismo Paralímpico, que começa nesta sexta-feira, em Londres, volta ao berço do local onde o esporte para atletas com alguma deficiência passou a ser visto com outros olhos. Foi no estádio olímpico da capital britânica que, em 2012, o movimento paralímpico ganhou força, visibilidade e inserção na sociedade, após anos de incertezas.

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Com quase 80 mil espectadores por dia durante os Jogos Paralímpicos em 2012, Londres abriu as portas para o aumento do investimento no desenvolvimento de atletas. No Brasil, o esporte paralímpico ganhou um centro de treinamentos em São Paulo, inaugurado no ano passado e que custou aproximadamente R$ 300 milhões, em obras e equipamentos esportivos.

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Para tentar fazer com que o movimento paralímpico continue em evolução, o brasileiro Andrew Parsons, que presidiu o Comitê Paralímpico Brasileiro de 2009 a 2017, é candidato à presidência do Comitê Paralímpico Internacional, em eleição marcada para 8 de setembro, em Abu Dabi.

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Em recente entrevista ao Estado, Parsons disse que o principal desafio do movimento paralímpico é “encarar as dores de seu próprio crescimento”. Para ele, isso significa manter o interesse da comunidade esportiva internacional, entender as formas como o mundo consome esporte e se manter conectado à realidade esportiva.

“O movimento paralímpico é jovem e algumas questões de profissionalismo precisam evoluir, sempre tendo em vista nossos valores e nossa história”, afirmou. O modo de gestão dentro de entidades esportivas é uma dessas mudanças necessárias, de acordo com o brasileiro, para “não cair no erro de outros movimentos desportivos.”

Para Parsons, a transparência vem tendo cada vez mais uma relação direta com o aumento nos investimentos no esporte. “Existe uma onda muito positiva de patrocinadores exigindo transparência de seus patrocinados. É uma atitude de quem entende que a transparência é uma característica importante para ser levada em conta no processo de venda de patrocínio. Ninguém quer se associar a uma entidade que não seja transparente.”

PROVAS – No primeiro dia de competições, o Brasil será representado por Thiago Paulino, paulista da cidade de Orlândia e recordista mundial do lançamento de disco, classe F57. Ele começa a disputa às 15h10 (horário de Brasília) e tem perspectiva de alcançar uma medalha.

“A expectativa é a melhor possível. Bati na trave em Doha 2015 (sétimo lugar) e, no Rio 2016, fiquei em quinto lugar no peso. Sinto-me bem mais experiente, tendo participado de competições desse tipo antes, então estou preparado para que tudo dê certo dessa vez”, disse Thiago, de 31 anos, que teve de amputar a perna esquerda abaixo do joelho devido a um acidente de moto, em 2010.

“Venho treinando com o foco em melhorar as minhas marcas pessoais. O recorde mundial é de 14,92m e eu tenho 14,66m como o meu melhor lançamento, então acredito que posso chegar próximo à marca do polonês e até, quem sabe, superá-la”, projetou o brasileiro. Após a disputa do arremesso de peso, Thiago terá pela frente o lançamento de disco, marcado para o dia 22.

Ainda neste sexta-feira, além de Thiago Paulino, o Brasil será representado por Fabrício Júnior, da classe T12 (baixa visão). Ele disputará a primeira fase eliminatórias dos 100m, às 15h35. Fabrício perdeu parte da visão devido a uma toxoplasmose, contraída pela mãe na gravidez.

Esta será a oitava edição do Mundial de Atletismo Paralímpico, com a participação de cerca de 1.300 atletas de cem países nas 213 disputas por medalha, todas no Estádio Olímpico de Londres. Em 2015, em Doha, no Catar, o Brasil ficou com a sétima colocação no quadro geral de medalhas do evento. Foram oito ouros, 14 pratas e mais 13 bronzes.