O Paraná Clube firmou no início da semana um acordo para “blindar” o atacante Kelvin, 17 anos, considerado a principal revelação do Tricolor desde Giuliano – hoje um dos destaques do Internacional.
O jogador participou, até aqui, de quatro jogos. Não esteve em campo por 90 minutos em nenhum deles, mas isso não impediu o assédio imediato de empresários e “olheiros”.
Na próxima sexta-feira, contra o Bahia, ele terá a primeira oportunidade como titular no time de Roberto Cavalo. Quando pisar o gramado da Vila Capanema já estará salvaguardado por uma multa recisória compatível à expectativa em torno de seu potencial.
O assunto vinha tirando o sono dos dirigentes paranistas há semanas. Afinal, a principal joia tricolor tinha um contrato frágil, com multa recisória irrisória. “Havia, sim, uma preocupação. O sucesso imediato do menino nos deixava expostos, por conta do contrato em vigência”, reconheceu o presidente Aquilino Romani.
Desde a estreia de Kelvin, frente ao Guaratinguetá, a cúpula do futebol vinha negociando com o pai do atleta, Valdeci de Oliveira, a reforma contratual. “Foram horas e horas de conversa. Felizmente, houve um bom entendimento das partes. Sentimos a boa vontade do atleta de brilhar com a camisa paranista, antes de uma eventual transferência”, disse o diretor de futebol Guto de Melo, que tratou diretamente do assunto ao lado do assessor do futebol Paulo César Silva.
No mesmo tom, o pai de Kelvin sempre deixou claro que, apesar do “momento mágico” do garoto, nunca passou pela sua cabeça uma saída intempestiva. “Quando surgir uma proposta boa para todos os lados, vamos conversar. Mas, acima de tudo, acho que o primeiro passo para o Kelvin é se firmar no Paraná”, disse.
O atacante começou a carreira no futsal do clube, onde jogou dos 9 aos 12 anos. “Quem o trouxe para o Paraná foi o Castro, que jogou no Tricolor. Na sua escolinha de futsal, viu o potencial do menino”, lembra Valdeci de Oliveira.
“Das quadras para o campo foi uma questão de tempo”, conta o pai, que completa: “Trata-se de um menino. A gente tem que acompanhar de perto, para que mantenha os pezinhos no chão.”
Os ajustes contratuais dependiam também de uma concordância da Traffic. A empresa tem procuração para representar o atleta – concedida pela família de Kelvin -, mas sem participação em percentuais numa eventual transação.
Um quadro confirmado por Frederico Pena, agente Fifa representante da Traffic. Pena esteve em Curitiba na segunda-feira, quando tomou conhecimento da reforma contratual.
“O contrato vence em junho de 2012. Começamos uma conversa com a diretoria do clube para fazer um contrato mais longo no Paraná. Dentro do prazo máximo que a lei permite, a intenção é garantir juridicamente a permanência do atleta até 2013”, confirmou Pena.
Com o ajuste firmado no início da semana, o Paraná pôs fim ao risco de ver Kelvin deixar a Vila Capanema por um valor irrisório. Estima-se que, no contrato anterior, qualquer clube poderia levar a revelação por algo em torno de R$ 800 mil.
Agora, a multa recisória está na ordem de R$ 7 milhões, numa transferência nacional. Já na questão internacional, qualquer clube estrangeiro que quiser ter o futebol do atacante terá que desembolsar cerca de 20 milhões de dólares (R$ 33 milhões). “O importante é que conseguimos preservar o clube nesse processo”, resumiu o presidente Aquilino Romani.