A equipe Seat impôs ontem um duro castigo à BMW na rodada dupla de abertura do WTCC – Campeonato Mundial de Carros de Turismo, disputada no Autódromo Internacional de Curitiba Pinhais. A casa espanhola, atual campeã de marcas e pilotos, continua descontando com juros e correção monetária o domínio imposto pela rival germânica nos anos iniciais da categoria, criada pela FIA em 2005. Diante de grande público que contribuiu com 43 toneladas de gêneros alimentícios em troca de ingressos, os companheiros de equipe Yvan Muller e Gabriele Tarquini dividiram as vitórias, a exemplo de 2008, e lideram a classificação.
E foram vitórias indiscutíveis, daquelas que não deixam qualquer margem de dúvida. Na primeira bateria, com tempo firme e forte calor, Muller aproveitou-se da pole para liderar o comboio de quatro carros amarelos e vermelhos rumo à bandeirada quadriculada.
Na segunda, atrasada em 10 minutos por causa da tempestade de verão que despencou pouco antes da largada, Tarquini precisou de apenas três voltas para sair de quinto no grid para a liderança. A partir daí, a prova se transformou num desfile das Seat TDI, enquanto as BMW 320si ficavam cada vez mais para trás.
Muller é o atual detentor do título e começou o ano da mesma forma de 2008. “Espero que também termine”, brincou o francês. Com os mesmos 15 pontos de Tarquini, ambos levam apenas um de vantagem sobre o sueco Rydell e o espanhol Marc Gene, que subiram duas vezes ao pódio trocando de lugar – cada um fez um segundo e um terceiro lugares. “Foi um resultado fantástico para a equipe”, resumiu Rydell. “Para brigar pelo título, a consistência será decisiva”, completou Gene.
Um dos veteranos da Fórmula 1 que se mantém em atividade e competitivo no WTCC, o experiente Gabriele Tarquini, que completou 47 anos no início da semana, creditou à sorte boa parte da conta pela oitava vitória na série de turismo. “A chuva nos ajudou, porque os Seat vão melhor que os BMW no molhado, por causa da tração dianteira do nosso carro”, explicou.
“Para dizer a verdade, as primeiras voltas foram até fáceis. No seco, acredito que as BMW poderiam somar muito mais pontos, já que estavam à nossa frente no grid”, admitiu Tarquini, autor de um dos melhores momentos da corrida. Na reta oposta, ele ultrapassou pelo meio as BMW de Félix Porteiro e Sérgio Hernandez. “Eles foram legais e ajudaram a evitar um toque”, agradeceu.
O WTCC segue agora para o México, onde realizará a terceira e quarta etapas. A BMW deverá continuar enfrentando um período difícil, já que a altitude de mais de dois mil metros do circuito de Puebla favorecerá ainda mais os motores turboalimentados dos Seat León. De acordo com o regulamento da FIA, o novo sistema de lastros só deverá vigorar a partir das corridas de maio, no Marrocos, quando os Seat receberão acréscimo de peso.