As mulheres perderam participação na arbitragem do Campeonato Paulista deste ano em relação a 2015. Nesta temporada, as mulheres participaram no quarteto de arbitragem em apenas 11 dos 156 jogos, dos quais apenas um com participação de um dos grandes clubes de São Paulo.
Renata Xavier de Brito foi a exceção do ano. Ela atuou como auxiliar no dia 25 de fevereiro, quando o Santos derrotou o Mogi Mirim por 4 a 1, no estádio do Pacaembu. No ano passado, elas estiveram presentes em 19 dos 158 jogos sendo 10 deles envolvendo Corinthians, São Paulo, Palmeiras ou Santos.
Segundo Dionísio Roberto Domingos, coordenador de Desenvolvimento de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF), a entidade sofreu baixas antes de iniciar o Estadual. “O quadro feminino de assistentes aptas a atuar em jogos da Série A1 diminuiu por conta de desistências de duas profissionais (alegaram questões pessoais). Mesmo com a inclusão de uma nova profissional, o quadro atual passou de 4 para 3 mulheres”, explicou.
Além de Renata, também trabalharam na elite estadual Márcia Bezerra Lopes Caetano e Tatiane Sacilotti dos Santos Camargo. Dos 452 árbitros registrados no quadro da FPF, apenas 19 são mulheres, ou 4,2% do total. Este ano, elas estiveram presentes em 7% dos jogos. No ano passado, foram 12%.
O coordenador da FPF explica, ainda, que Tatiane Sacilotti ficou quase três semanas afastada do Estadual para atuar no Sul-Americano feminino, organizado na Venezuela, entre fevereiro e março. “Além disso, as assistentes têm sido mais requisitadas para competições organizadas pela CBF, o que gera conflitos de agenda”, disse.
PROGRAMA – Para tentar aumentar o número de mulheres já no ano que vem, a FPF criou um programa especial voltado para treinamento específico das árbitras com trabalho físico, técnico e psicológico que permitam aumentar a performance nas diversas competições paulistas no ano que vem.
A dificuldade em conseguir acompanhar o ritmo dos homens faz com que muitas mulheres acabem desistindo de seguir carreira ou mesmo de evoluir a ponto de ter condições para trabalhar em grandes jogos. O lado psicológico também tem recebido atenção especial e a maioria das federações nacionais já possui uma psicóloga responsável pelos árbitros e que recebem a recomendação para ter um cuidado especial com as mulheres.
Para Ana Paula Oliveira, ex-assistente e atual professora da Enaf (Escola Nacional de Árbitros de Futebol), a tendência é que no ano que vem haja mais mulheres preparadas não só para serem assistentes como árbitras no Campeonato Paulista. “Agora existe um departamento de desenvolvimento da federação paulista, que dá maior atenção à arbitragem feminina. A questão da condição física é complicada, pois as meninas continuam fazendo os mesmos testes físicos dos homens e além de ter que passar por um teste complicado, precisam estar habilitadas tecnicamente”.
NOVAS APOSTAS – Se no futebol paulista as mulheres ainda buscam se firmar, em outros estados elas têm muito mais oportunidades. A Federação de Santa Catarina, por exemplo, é uma das que mais dá atenção para elas. Nadine Schramm Câmara e Neuza Inês Back têm participação constante como assistentes no Campeonato Catarinense.
Em Pernambuco, Deborah Cecília Cruz Correia já apitou partidas do Náutico e do Sport e foi elogiada. Ela esta no quadro de aspirante da FIFA. As três, inclusive, aparecem como favoritas para serem escaladas em alguns jogos da Série A do Campeonato Brasileiro e também da Copa do Brasil.