O Ministério Público do Trabalho (MPT) notificou a Fifa nesta semana com o objetivo de garantir a integridade física dos jogadores durante a Copa do Mundo. O MPT entregou uma lista de oito exigências, assinada pelo procurador Valdir Pereira da Silva, que devem ser seguidas durante a disputa do Mundial.
A prioridade da lista é cobrar medidas para amenizar o desgaste físico dos atletas em partidas nas quais a temperatura exceder os 30 graus. Dos 64 jogos do torneio, 17 terão início entre 13h e 16h nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, as de temperatura média mais elevadas no período de realização da Copa.
Além de recomendar à Fifa que “promova, durante os treinamentos e jogos, a hidratação continuada e individualizada dos atletas”, o MPT recomenda que a realização de jogos seja reconsiderada quando a temperatura – medida pelo Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) – ultrapassar os 32,3ºC. A notificação também diz que a Fifa deve estabelecer paradas técnicas – uma em cada tempo da partida, antes dos 30 minutos – caso a temperatura medida ultrapasse os 30ºC.
Em recente entrevista, o diretor médico da Fifa, Jiri Dvorak, confirmou que a Copa terá paradas técnicas quando necessário, que serão realizadas aos 30 minutos de cada tempo. À época, Dvorak afirmou que a entidade avalia que sete jogos, disputados a partir das 13h na região Nordeste, serão de “alto risco”. Apesar disso, o médico afirmou que as decisões relativas às paradas técnicas serão tomadas antes de cada partida.
O procurador do Trabalho responsável pela notificação, Valdir Pereira da Silva, afirmou que a ação não visa garantir a integridade física apenas dos atletas. “É natural que a atenção vá para os jogadores, que são os protagonistas do espetáculo, mas há outros profissionais expostos às mesmas condições climáticas, como os árbitros e os gandulas”, disse.
O procurador esclareceu que a notificação não se configura apenas em uma carta de recomendações. “A notificação recomendatória trata-se de um instrumento jurídico, aonde o notificado recebe o entendimento jurídico que o MPT tem acerca de determinado tema. Monitoraremos o cumprimento dessas recomendações e, caso detectemos irregularidades, entraremos na Justiça”, concluiu.
A entrega do documento à Fifa contou com a presença do advogado da Fifa, Giovani Menicucci, e de Carlos Dittrich, advogado da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf).