Milhões de dólares foram retirados de contas bancárias na Suíça depois que, há exato um mês, sete dirigentes do futebol foram presos em Zurique. Enquanto as prisões ocorriam, o Ministério Público suíço fazia uma operação na sede da Fifa, confiscando o equivalente a milhões de páginas de documentos. Servidores muito bem protegidos da entidade foram copiados e quase tudo o que estava nas salas do secretário-geral Jérôme Valcke foi levado.
Fontes no Ministério Público revelaram que confiscaram contas e congelaram bens. Mas, ao começar a analisar as informações financeiras e exigir dos bancos dados sobre suspeitos, foram surpreendidas com a constatação de que mais de 100 contas foram esvaziadas nos dias 27 e 28 de maio. Os valores desses saques não foram revelados. Mas fontes na Justiça admitem que as movimentações atingiram milhões de dólares.
Michael Lauber, procurador-geral da Suíça, revelou há pouco mais de uma semana que o trabalho inicial do MP chegou à constatação de que mais de 104 transações financeiras estavam sob suspeita. Além disso, 53 alertas foram emitidos por bancos na Suíça sobre possível uso do sistema financeiro local para a lavagem de dinheiro.
Os investigadores suíços também adotaram a tática de não bloquear certas contas e permitir que os suspeitos fizessem movimentações. O objetivo era rastrear o destino do dinheiro. Em alguns casos, os responsáveis garantem que a estratégia funcionou.
No total, o esquema envolveu mais de 150 bancos, inclusive o Banco do Brasil com sua sede no Paraguai, e o Itaú, nos Estados Unidos. Durante a semana, a agência reguladora de combate à lavagem de dinheiro chegou a colocar em seu site um comunicado criticando os bancos por não terem examinado a origem do dinheiro antes de aceitá-lo. Mas, horas depois, o comunicado sumiu.
Nos bastidores, o mês de crise na Fifa abriu uma batalha pelo controle do futebol mundial. Enquanto entidades que tinham contrato com a Fifa tentaram se dissociar da organização, como a Interpol, o Vaticano ou o Prêmio Nobel, uma leva de agentes, empresários e candidatos a presidente passaram a lutar pelo poder.
Empresas que por décadas mantiveram acordos quebraram ou tiveram suas contas congeladas, como o caso da argentina Torneos. Imediatamente, cada seleção sul-americana que dependia dessas empresas passou a ser buscada por agentes, oferecendo novas condições e novos jogos. Bolívia e Equador, por exemplo, não têm como organizar seus amistosos.