O Ministério Público do Rio (MP-RJ) instaurou inquérito nesta terça-feira para apurar a validade da resolução da Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj) que liberou a venda de cerveja nos estádios durante o Campeonato Carioca. A Taça Rio, segundo turno da competição estadual, já terá um jogo nesta quarta, entre Flamengo e Resende, mas a liberação só começa a valer no fim de semana, com o complemento da primeira rodada.
Segundo o MP-RJ, a decisão de instaurar o inquérito partiu do procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira. Ele alertou que a liberação de cerveja entra em “rota de colisão com os esforços dos poderes constituídos para reduzir a violência e preservar a incolumidade física e mental do torcedor”, que são princípios do Estatuto do Torcedor. A medida foi tomada pela Ferj para tentar aumentar a média de público no campeonato estadual, de somente 3,25 mil pagantes por jogo.
A resolução foi publicada na última segunda-feira pelo presidente da Ferj, Rubens Lopes. A venda poderá ocorrer somente em bares ou pontos de venda dos estádios, no período entre duas horas e até 15 minutos antes do começo do jogo, e também no intervalo. A comercialização continua proibida nos estádios após o fim das partidas. E a venda de bebidas alcoólicas destiladas está vetada.
Na resolução divulgada na segunda-feira, Rubens Lopes cita – sem dar nenhum exemplo – “diversas” pesquisas, estudos e dados estatísticos que “apontam para a conclusão de que a proibição do consumo de cerveja no interior dos estádios de futebol não interferiu para a diminuição da violência entre torcedores”. A Ferj alega ainda que a venda de bebidas somente no entorno, e não dentro dos estádios, proporciona “maiores condições de tumultos e violências do que os benefícios da proibição”.
Pela resolução da entidade, os bares não poderão entregar latas ou garrafas aos torcedores, somente “copos de plástico ou papel”. E a venda de cerveja por ambulantes, nas arquibancadas ou tribunas, continua proibida.