Moura volta a detonar Petraglia

Afastado temporariamente do futebol, Onaireves Moura não desistiu de atacar seu maior inimigo. Num almoço para vários dirigentes esportivos, o presidente licenciado da Federação Paranaense de Futebol divulgou um vídeo de 20 minutos em que denuncia de voz própria irregularidades supostamente cometidas pelo presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia.

Prestigiaram o evento, numa churrascaria do bairro Prado Velho, os presidentes José Carlos de Miranda (Paraná Clube) e Giovani Gionédis (Coritiba), representantes de clubes do interior, amadores e ligas de futebol, além de funcionários da FPF ?intimados? a comparecer e assim manifestar pretenso apoio ao cartola. Exibido antes do almoço, o vídeo lembra declarações de terroristas suicidas – sem fundo nem identificação do local, apenas com a câmera fixa no rosto do homem-bomba. Moura, afônico por causa de uma gripe, começa revelando que a gravação deve-se às ameaças de morte que estaria sofrendo. Os responsáveis pelas supostas ameaças não foram revelados.

Depois, repete que a ?perseguição? do dirigente atleticano ocorre desde 1995, quando teria rejeitado beneficiar o Furacão através do apito. Moura atribui a Petraglia grande parte dos enfrentamentos judiciais de sua carreira, como uma tentativa de impeachment da presidência da FPF, uma suspeita de assassinato em 97, a nomeação de um interventor na Federação no mesmo ano por dívidas tributárias, a prisão por sonegação fiscal decretada pela Justiça Federal em 2000 e, recentemente, o lacramento do Pinheirão e os três processos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva que resultaram numa suspensão de 6 anos e 2 meses.

Moura dispara ainda contra a lisura fiscal de Petraglia na gestão de suas empresas, de seus imóveis e do próprio Atlético. Quase todas as denúncias já haviam sido divulgadas em entrevista coletiva, mas desta vez o vídeo exibe trechos grifados de documentos, que pretensamente respaldam as acusações. O vídeo tem até um momento hilário, quando Moura apanha do bolso e afasta o telefone celular que toca no meio do depoimento. No final, o dirigente da FPF afirma que o objetivo das denúncias é livrar o Atlético da influência de Petraglia.

O advogado e membro do Conselho Gestor do Atlético Marcus Malucelli, que já havia rebatido denúncias anteriores de Moura, afirmou à reportagem da Tribuna que o clube não se pronunciará antes de conhecer o conteúdo do vídeo.

Cadeiras: panos pra manga

Entre as inúmeras denúncias de Onaireves Moura, uma contesta a venda das cadeiras da Arena. Alguns registros confirmados pela reportagem da Tribuna mostram que a empresa que prestou serviços ao Rubro-Negro em 2004 tem ligação indireta com a família Petraglia.

O presidente do Conselho Gestor do Furacão, João Augusto Fleury, e o advogado do clube, Marcus Malucelli, negaram que a Kango do Brasil Equipamentos Esportivos tivesse vendido as cadeiras da Arena, conforme afirmara o presidente da FPF. Os dirigentes apresentaram a nota fiscal da compra de 20.500 cadeiras efetuada na Diepar Equipamentos de Escritório Paraná no valor de R$ 717 mil, emitida em maio de 2004.

A instalação custou outros R$ 720 mil aos cofres rubro-negros.

De fato, a Diepar não tem representantes da família do mais importante dirigente rubro-negro – os donos da empresa são Jelmo Luiz de Medeiros e Mariza Medeiros. Mas Mariza é sócia de Mário Celso Keinert Petraglia, filho mais velho do presidente do Conselho Deliberativo do Furacão, na Kango do Brasil, empresa inscrita na Receita Federal em março de 2004. Cada um detém 50% do controle societário.

O site da Kango anunciava até a semana retrasada que ?o estádio mais moderno da América Latina (Arena da Baixada, em Curitiba) só podia ter cadeiras Kango Sport: 21 mil unidades instaladas?.

O endereço da empresa na internet (www.kango.com.br) saiu do ar pouco depois da veiculação dos ataques de Moura. A Kango também havia divulgado no site que fornecera cadeiras para outros estádios, como o Mineirão, o Orlando Scarpelli, o ginásio de Brusque e o estádio da Portuguesa-RJ.

Antes disso, em 18 de novembro de 2003, Celsinho Petraglia, como é conhecido o filho do cartola, depositou em conjunto com Jelmo Medeiros pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) de ?assentos montados de maneira removível em bancos de estádios?. Mas a solicitação foi arquivada pelo órgão em abril de 2007, pois os sócios na empreitada não requisitaram o exame necessário.

Procurado pela reportagem da Tribuna, Marcus Malucelli manteve a posição de que a Diepar não tem relação com a família Petraglia. ?Mário Petraglia Filho não era sócio da Diepar quando firmamos o contrato. Mas até poderia ser. O que importa é que o preço e a mercadoria sejam bons?, disse o conselheiro rubro-negro. Malucelli reiterou que cada cadeira custou R$ 35, valor superior ao de outras similares por causa da qualidade do material.

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