Apesar de o atual presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, estar entre os cartolas que integraram o movimento para tentar antecipar as eleições na CBF, aproveitando-se da fragilidade de Ricardo Teixeira, o futebol estadual tem um histórico de amor e ódio com o ex-manda-chuva do futebol nacional. Sobretudo, durante a era Onaireves Moura à frente da FPF, que durou de 1985 a 2007.

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Eleitos quase no mesmo período – o ex-presidente assumiu a CBF em 1989 -, Moura e Teixeira tinham um verniz de modernidade e muitos pontos em comum. Por isso, tornaram-se íntimos. Com a dupla, o futebol paranaense, antes visto como uma sétima força no ranking nacional, já que Bahia e Pernambuco tinham mais representatividade, conseguiu ocupar um quinto lugar. Não sem antes experimentar a mão forte do comandante da CBF.

No Campeonato Brasileiro de 1989, depois de se negar a enfrentar o Santos em Juiz de Fora (MG) – pedindo isonomia em relação ao jogo do Vasco, que disputava diretamente uma vaga na fase mais aguda da competição -, o Coritiba sentiu o poder de Ricardo Teixeira. O dirigente simplesmente decidiu numa canetada pelo rebaixamento do Alviverde, o que depois viria a ser confirmado pelo STJD. O episódio custou ao Coxa um período de ostracismo, mas alavancou Onaireves Moura para mais perto do Teixeira.

A ponto de, com o apoio político e financeiro da CBF, Moura ter conseguido se eleger deputado federal em 1991, para implantar no Congresso o embrião da bancada da bola. Onaireves foi cassado em 1993, mas a ideia germinou e em 2000 e 2001 foi essa bancada que segurou as pontas de Ricardo Teixeira na CPI do Futebol e na CPI da Nike. Moura, mesmo sem mandato, também agiu nos bastidores e continuou membro do círculo íntimo de Teixeira.

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Com isso, conseguiu com que jogos da Seleção Brasileira no Paraná se transformassem em rotina. Antes da dupla Ricardo Teixeira-Onaireves Moura, o Brasil havia atuado três vezes no Estado, entre 1968 e 1984. Após, entre 1986 e 2003, foram nove as partidas, duas por eliminatórias das Copas 2002 e 2006. Neste período, não apenas o Pinheirão foi contemplado, mas o Couto Pereira, a Arena da Baixada, o Waldemiro Wagner, em Paranavaí, e o Café, em Londrina.

Início do fim

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Era uma prática de Ricardo Teixeira “presentear” os aliados com a presença da Seleção, fosse a principal ou a pré-olímpica – como ocorreu no torneio que Londrina e Cascavel sediaram em 2000, para os Jogos de Sidney. Curiosamente, foi uma partida do Brasil que começou a afundar a relação Moura-Teixeira. Em 2003, o então presidente da FPF não repassou à CBF a cota do jogo Brasil 3 x 3 Uruguai, no Pinheirão. Sem dó, Ricardo Teixeira cortou relações.

Moura tentou reaproximar-se. Foi em vão. Sentiu que havia perdido prestígio junto ao manda-chuva do futebol brasileiro na final da Copa Libertadores de 2005. Não conseguiu, via CBF, convencer a Conmebol a permitir que o jogo Atlético x São Paulo fosse na Arena da Baixada. A partida foi para o Beira-Rio, mas Onaireves seguiu insistindo em se reaproximar. Em 2007, às vésperas de perder o cargo, inaugurou nos fundos do Pinheirão um centro de treinamento que batizou de “CT Ricardo Teixeira”, o qual o presidente da CBF não veio inaugurar.

Moura também tentou viabilizar o Pinheirão como a sede paranaense da Copa do Mundo de 2014, mas Ricardo Teixeira não o apoio. Pelo contrário, sabotou a ideia com uma frase que foi a senha para que Onaireves deixasse a FPF. “Tiram ele de lá que levo a Copa ao Paraná”, disse. Moura caiu em 31 de maio de 2007; Ricardo Teixeira, em 12 de março de 2012.