Mosley perde a paciência com a F-1

Magny-Cours – Max Mosley já não tem mais paciência com os dirigentes da Fórmula 1. Por isso, se afasta definitivamente da presidência da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em outubro. Antes, pretende impor um pacote de mudanças na categoria voltado para a segurança. O corte de custos, sua bandeira nos últimos meses, foi deixado de lado. A decisão de abandonar o barco, disse o inglês ontem em Magny-Cours, é irreversível. “Eu não volto atrás. Não sou como chefes de equipe de F-1, que mudam de opinião de 15 em 15 minutos.”

Quem imaginava uma jogada política para que os times pedissem sua permanência caiu do cavalo. Max bateu duro nos homens que conduzem os destinos da categoria graças ao Pacto da Concórdia, documento draconiano que dá muito poder às equipes, na sua opinião. “Cansei. Cansei de reuniões intermináveis, de perder meus dias falando com esses senhores para saber que meia hora depois todos mudaram de opinião e nada do que foi decidido vale. Prefiro passar meus dias na praia lendo livros”, afirmou.

Max incluiu os dirigentes do Mundial de Rali no seu balaio de desafetos. “Não tenho mais nenhum interesse ou satisfação em discutir nada com eles. Se o assunto não te fascina mais, o melhor é sair. Se eu deixasse para 2005, quando acaba meu mandato, teria mais um ano aborrecido e trabalhoso.”

Ron Dennis, um dos donos da McLaren, embora não tenha sido citado nominalmente, foi quem mereceu a maior estocada de Mosley. “Há um dirigente em especial que é muito detalhista, mas se preocupa sempre com os detalhes errados. Você chega a um estágio que não tem mais paciência para certas coisas.”

Pacote

Antes de ir para a praia com os livros que não teve tempo de ler por conta da intransigência dos dirigentes da F-1, Mosley vai enfiar goela abaixo das equipes um pacote de mudanças no regulamento que, segundo ele, impedirá que a categoria “volte a ver pilotos se arrebentando ou morrendo”. E revelou a estratégia para obrigar todos eles a aceitarem.

As medidas da despedida de Max foram divididas em três frentes: motores, aerodinâmica e pneus. Para 2005, os motores deverão durar duas corridas, e não mais uma, como neste ano. Cada piloto terá direito a apenas dois jogos de pneus por GP: um para os treinos livres de sexta e sábado, outro para a classificação e a corrida. Serão, portanto, pneus mais duros e menos velozes. Na aerodinâmica, uma série de limitações que não foram detalhadas por Mosley. E, para 2006, motores V8 de 2,4 litros com restrições no uso de materiais e nas suas dimensões.

Quem quiser continuar usando V10 de 3 litros, como hoje, terá um limitador de giros instalado no motor. “É nossa obrigação fazer isso, antes que alguém morra”, resumiu Max.

Diário da F-1

Magny-Cours teve um dia confuso ontem na pista. Os treinos livres começaram com asfalto seco, mas logo veio uma chuva forte que encharcou o circuito. A água parou e voltou mais duas vezes, o que bagunçou o programa das equipes. Como a previsão para hoje é de tempo firme, teve gente que nem andou na pista molhada, como a Ferrari. Schumacher completou apenas 11 voltas, e Barrichello, nove.

Dia brazuca

No fim, os melhores tempos ficaram com pilotos brasileiros. Rubens fez 1min15s487 de manhã, antes da água, e Cristiano da Matta cravou 1min15s518 de tarde, depois da chuva. “Sei que não quer dizer nada, mas a pista estava lá para todo mundo e eu que fiz a volta”, comemorou o mineiro da Toyota, que nunca tinha ficado em primeiro em treinos na F-1. “É legal ficar na frente de vez em quando.”

Pneus, só hoje

Por conta da chuva ontem, as equipes ganharam os treinos livres de hoje para escolher os pneus para a classificação e a corrida. Ao meio-dia (7h de Brasília) terão de indicar à FIA os compostos que serão usados. O treino classificatório em Magny-Cours começa às 8h com a pré. Às 9h acontece a sessão que define o grid.

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