Após a confirmação oficial da morte cerebral do torcedor do Guarani, Anderson Ferreira, de 28 anos, ocorrida na noite de domingo, aumentou em Campinas a preocupação dos dirigentes dos clubes com relação ao dérbi marcado para o próximo sábado, no Estádio Moisés Lucarelli, pelo Campeonato Paulista. Tanto a Federação Paulista de Futebol quanto a Polícia Militar, responsável pela segurança do evento, garantem que o clássico da cidade está confirmado.
“Nós já tínhamos tudo planejado em termos de segurança. Não podemos ceder a atos ilícitos cometidos por uma pequena parte de maus torcedores. A segurança dentro do estádio e em seus arredores será total”, prometeu o tenente-coronel Coelho, da Polícia Militar, há mais de duas décadas responsável por segurança em estádios.
Mas o Coronel Marinho, ex-comandante da Polícia Militar, e que cuida tanto da Comissão de Arbitragem quanto da segurança, admite que especialmente neste jogo podem ser proibidas as entradas das torcidas organizadas e de camisas, bandeiras ou objetos que lembrem os clubes. “Se recebermos um pedido do Ministério Público neste sentido até amanhã (terça-feira), nós podemos realmente fazer esta proibição.”
No sábado, o presidente do Guarani, Marcelo Mingone, chegou a sugerir a mudança do dérbi para outra cidade ou então, até mesmo, o adiamento do jogo para outra data. “Não há clima para este jogo”, repetiu várias vezes.
As propostas foram rejeitadas de imediato pelo presidente da Ponte Preta, Márcio Della Volpe. “Foi um caso isolado. Não podemos ser coniventes com este tipo de violência. É preciso uma mudança de mentalidade, partindo de toda a sociedade”, ponderou.
MORTE CEREBRAL – A direção do Hospital Municipal Mário Gatti confirmou na noite de domingo a morte cerebral do torcedor bugrino. Ele foi ferido num confronto entre torcidas organizadas ocorrido na quinta-feira passada, perto do Estádio Brinco de Ouro. Lá aconteceram dois dérbis das categorias Sub-15 e Sub-17, ambos vencidos pela Ponte Preta.
O choque entre as torcidas aconteceu mais de uma hora após o término dos jogos. Na briga, Anderson Ferreira, ligado à Torcida Fúria Independente, do Guarani, caiu e foi cercado por rivais. Ele teria sido atingido várias vezes na cabeça com golpes de pedra e até de uma barra de ferro. Socorrido pelo SAMU, sofreu uma parada cardíaca ainda quando era encaminhado para o hospital. Os médicos constataram politraumatismo craniano e muitos hematomas no corpo, principalmente perto da área do abdômen, provavelmente resultado de chutes e pontapés.
Desde quinta-feira ele entrou em coma induzido e ficou em estado crítico. A sua morte cerebral foi confirmada no domingo e sua morte oficializada pela família nesta tarde de segunda-feira. O enterro do torcedor bugrino está confirmado para o Cemitério da Saudade, nesta terça-feira, às 10h30.
HOMICÍDIO – A delegada do 10.º Distrito Policial, cuja sede fica, ironicamente, a quatro quadras do Moisés Lucarelli, Iara Eli Marques da Silva confirmou que investiga o caso como homicídio. Disse já ter uma testemunha ocular e que espera não só prender o principal agressor, como também os outros torcedores que participaram da briga. Ela espera indicar mais alguma pessoa como co-autor, porque segundo o Boletim de Ocorrência Anderson Ferreira teria sido atingido por pedradas e pela barra de ferro.
“Já temos pelo menos uma testemunha que já foi convocada e vamos ouvir muito mais gente”, prometeu a delegada.
