A festa pelo início das obras de conclusão da Arena da Baixada contrasta com a tristeza dos moradores das ruas Buenos Aires e Brasílio Itiberê, que terão seus imóveis desapropriados para viabilizar a adequação do estádio às exigências da Fifa. A prefeitura de Curitiba já iniciou o processo, que envolve 11 imóveis particulares, além de parte de dois imóveis que pertencem às Forças Armadas, e que serão utilizadas em regime de permuta. Até agora, os moradores tiveram apenas uma reunião com os representantes da prefeitura e todos estão preocupados com os valores que serão pagos por suas casas.
A prefeitura tem R$ 14 milhões para serem gastos pelo ressarcimento dos imóveis, mas para os proprietários nada disso foi passado ainda. Eles também questionam quem terá de fazer o desembolso para o pagamento de impostos pela venda do imóvel, que podem chegar a 27,5% do valor negociado. “Tem muita coisa que perguntamos na reunião, e que ficou sem reposta. A única coisa que foi falada é que é um processo irreversível e que se trata de uma negociação da qual ninguém sairá insatisfeito. Estamos apreensivos”, contou Fernando Leludak, técnico mecânico.
Não é apenas a questão financeira que tira o sono dos moradores, assim como o lado emocional, que eles nem conseguem dimensionar. Os proprietários estão indignados ainda com o fato de o governo investir dinheiro público para o bem de uma instituição privada. “Quem deveria negociar seria o Atlético, e não a prefeitura se meter, nos indenizar da maneira que bem entende e doar para eles. A prefeitura simplesmente está tirando do povo e dando para a instituição privada”, reclamou Renato Savi, dono de dois imóveis na rua Buenos Aires.
Os proprietários, apesar de bater o pé em relação ao assunto, garantem que esta não é uma situação irreversível, desde que o governo municipal faça justiça com cada uma das famílias envolvidas neste processo desgastante. “Todo mundo está contrariado, mas tudo é possível, negociável, desde que sejam honestos e justos e paguem o que merecemos”, frisou Renato.
A situação também atinge os profissionais que atuam na região e que estão em imóveis locados, principalmente em relação à forma como serão apoiados na saída dos espaços que ocupam. “Eu estou aqui há 13 anos, tenho meus clientes, espaço de 600 metros entre área construída e estacionamento e para onde vão me mandar? Onde vou achar algo assim?”, reclamou Sandra Belasco, dono de uma clínica de fisioterapia e, como os demais, uma das “vítimas da Copa 2014”.