Flávio, o último remanescente de 2003. |
O desempenho do Paraná Clube no último Brasileirão deu novo ânimo ao seu torcedor. Na mesma medida, o “desmanche” deixou dúvidas e incertezas nas cabeças dos mesmos. O Paranaense-2004, então, é uma chance para que o clube resgate sua imagem no limite de suas fronteiras, apagando a péssima recordação do ano passado. Na última edição do estadual, o Tricolor só se livrou do rebaixamento na última rodada, num melancólico empate com a Portuguesa Londrinense, ficando na 14.ª colocação (a pior de toda a sua história).
A diretoria, sem recursos para segurar os atletas que conduziram o Paraná à 10.ª posição no nacional, partiu para a reconstrução do time. Contratou “por atacado” e agora torce pelo encaixe das peças o quanto antes. Entre os reforços, jogadores em busca de projeção, como o meia Alex e o atacante Ednaldo, e atletas que tentam uma guinada em suas carreiras, como os laterais Alcir e Marcos Lucas, o meia Jean Carlo e o zagueiro Gélson Baresi. Apostando no “bom e barato”, a meta é ao menos chegar nas primeiras colocações para assegurar vaga na Copa do Brasil.
O campeonato também será um grande laboratório. O técnico Saulo de Freitas irá utilizar a primeira fase da competição para testar muitos garotos revelados nas categorias de base. “Não vamos encher a prateleira e depois reformular tudo para o Brasileiro”, explicou o vice de futebol José Domingos. “Temos que sentir o potencial destes meninos e eventualmente buscar as peças necessárias no momento certo.” O regulamento da competição permite esse tipo de ação, uma vez que novos contratos podem ser registrados até a véspera da largada das semifinais.
A situação atípica do Paraná se deve a um erro estrutural. Sem investir nas categorias de base e perdendo muitos jogadores na Justiça do Trabalho – Dennys, Waldir, Flávio Guilherme, Émerson e Fernando Miguel, apenas nos últimos meses – o clube ficou sem “material humano” no início da temporada. Enquanto os juniores estavam na Copa São Paulo, menos de dez atletas trabalhavam na pré-temporada. “Tivemos que driblar mais essa dificuldade. O tempo de preparação não é o ideal, mas é preciso superar os obstáculos”, lamentou Saulo.
O Tricolor não conquista um título paranaense desde 1997. O jejum incomoda, mas os próprios dirigentes sabem que o mais importante, no momento, é o resgate da estrutura do departamento de futebol. Para a estratégia ser vitoriosa, garotos como Fernando Lombardi, César Romero, Éverton e Vandinho terão que, obrigatoriamente, deixar de ser promessas. A estréia será contra o Beltrão, no Anilado.
Tigre no ano da afirmação
A história de Saulo de Freitas se confunde com a própria história do Paraná Clube. Ele continua sendo o maior artilheiro do Tricolor, com 104 gols marcados. Após “pendurar as chuteiras” precocemente (devido a sucessivas cirurgias na coluna), deu início a uma nova fase em sua vida. Nunca escondeu, mesmo quando balançava as redes pelo Brasil afora, a ambição de um dia ser técnico de futebol.
Começou como treinador de atacantes, passou a auxiliar técnico (com uma rápida passagem no cargo principal) e conseguiu a confiança da diretoria no ano passado, conduzindo o Paraná em sua melhor campanha em um Brasileirão. O 10.º lugar e a vaga na Copa Sul-Americana credenciaram o treinador a renovar contrato e assumir a responsabilidade de reorganizar o time. Desta vez, a sua missão será mais “espinhosa”.
Saulo de Freitas terá que formar um novo time. Só a astúcia demonstrada no ano passado, quando soube redefinir a função de cada atleta no time e colocar o Paraná nos eixos, não será suficiente. Terá que ter ainda precisão na escolha das peças certas (em meio a muitos garotos recém-promovidos nas categorias de base) e sorte na seqüência de jogos, superando a falta de entrosamento com muito diálogo. Afinal, precisão e sorte sempre foram pontos fortes na vida do “Tigre”.
Elenco do Paraná para 2004
JOGADOR | IDADE |
Goleiros | |
Darci | 24 |
Bader | 20 |
Flávio | 33 |
Laterais | |
Erivélton | 20 |
Ânderson | 20 |
Alcir | 26 |
Marcos Lucas | 27 |
Zagueiros | |
Fernando Lombardi | 21 |
Gélson Baresi | 29 |
Ânderson Carvalho | 24 |
Juliano | 21 |
João Vítor | 20 |
Meias | |
João Paulo | 19 |
César Romero | 23 |
Goiano | 23 |
Wiliam | 20 |
Éverton César | 20 |
Tiago Nogueira | 20 |
Éverton | 21 |
Alex | 21 |
Jean Carlo | 32 |
Atacantes | |
Vandinho | 18 |
Washington | 20 |
Wellington | 20 |
Ednaldo | 23 |