Mais do que o título paulista, para o presidente do Santos, Modesto Roma Junior, a principal conquista do clube em 2015 foi o resgate da credibilidade. Quando assumiu o cargo, em dezembro do ano passado, o Santos passava por uma grave crise financeira e jogadores estavam buscando a Justiça para romperem os seus contratos devido à falta de pagamento de salário. “Hoje, o jogador tem confiança no clube e isso é fundamental”, comemora Modestinho, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira. Confira a mesma a seguir:

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Foi uma surpresa terminar o ano com o título do Campeonato Paulista e o segundo lugar na Copa do Brasil?

Mais importante do que tudo isso foi o resgate da credibilidade. Pegamos o clube com muitas dificuldades e problemas, mas evoluímos bastante. No começo do ano, todo mundo estava querendo sair. Agora, todo mundo quer jogar no Santos. Mudou a forma de o jogador ver o clube. Hoje, o jogador tem confiança no clube e isso é fundamental.

Essa mudança de cenário deixa o senhor otimista para montar um time mais forte em 2016?

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Acho que será um ano melhor porque teremos uma folga financeira maior. Passamos 2015 sem patrocínio master, por exemplo, e, para 2016, acredito que vamos conseguir um parceiro comercial porque a situação está muito diferente. Antes, ninguém queria associar a sua marca a um clube que estava vivendo uma situação muito ruim, com vários problemas financeiros.

Como vê o Profut (Programa de Responsabilidade Fiscal do Futebol) neste novo cenário?

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O mais importante do Profut é que os clubes passarão a ter uma gestão mais responsável. É fundamental você estar em dia com seus funcionários e atletas. No fim do ano passado, durante o processo de transição de diretoria, vimos funcionários chorando porque não tinham dinheiro para o Natal. Agora, estão todos com os salários e prêmios em dia. Isso é muito gratificante.

Com o equilíbrio das finanças, o senhor pretende contratar quantos jogadores para 2016?

Nosso problema maior hoje é na zaga. Queremos contratar um ou dois zagueiros para reforçar a defesa.

Como estão as negociações para o retorno do Robinho?

Ele pode voltar desde que tenha um parceiro forte que nos ajude a pagar os salários. Não podemos contratar gastando mais do que a gente tem em caixa. Isso é fundamental porque precisamos ter responsabilidade na gestão. O futebol brasileiro não aceita mais aquela história do ‘eu finjo que pago e você finge que joga’. É preciso ter receitas suficientes para cobrir as despesas. Por isso, já estamos conversando com parceiros para poder contar com o Robinho.

O senhor recebeu mesmo do empresário do Lucas Lima uma proposta de um clube da China de R$ 70 milhões pelo jogador?

Essa proposta é mentira. O que chegou a mim foi uma ‘propostinha’ de US$ 10 milhões (R$ 40 milhões), com pagamento parcelado. Não vamos queimar ativo porque queremos manter todos os jogadores. Temos planos para conquistarmos todos os torneios que vamos disputar no próximo ano.

Chegou alguma proposta oficial pelo Gabigol?

Não temos nenhuma proposta por ele. Você acha que o Gabriel vai sair do Brasil em ano de Olimpíada para jogar em qualquer outro lugar? Ele não vai sair. Está focado em permanecer aqui no Santos.

Para continuarem na Vila, Lucas Lima e Gabigol terão aumento salarial?

Esses dois jogadores já tiveram os seus contratos renovados este ano.

O senhor considera que foi um erro pedir o adiamento da final da Copa do Brasil?

Não vejo dessa forma. O time estava muito cansado naquela ocasião. Os médicos e fisiologistas nos mostraram que não foi um erro. E também precisamos lembrar que foi uma solicitação dos quatro clubes que estavam nas semifinais da Copa do Brasil.

Como o senhor avalia a atual situação da CBF?

O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo. Os clubes têm de exigir que a CBF mude o rumo. Chega de corrupção e maracutaia. Não dá para continuar nessa situação. Será um ato de grandeza do Marco Polo Del Nero (presidente licenciado da entidade) comandar essa mudança e convocar nova eleição para trocar toda a cúpula da CBF. Os clubes têm de ser protagonistas e precisam lançar um candidato. Temos bons nomes para isso.