O modelo de sócio-torcedor do Internacional de Porto Alegre virou referência nacional. O clube já ultrapassou os 78 mil sócios – mais do que a capacidade do Beira-Rio – e sonha em chegar aos 100 mil no ano que vem, quando comemora seu centenário. O Colorado é o único grande clube brasileiro em que a bilheteria representa a maior fatia da receita mensal. Algo até comum na Europa, mas inédito num País dependente das verbas da televisão. ?Temos R$ 2,4 milhões garantidos por mês só com o associado. É a mais importante entre nossas receitas, exceto quando negociamos um atleta de alta capacidade, como o Pato?, disse ao Paraná-Online o vice-presidente Administração do Inter, Décio Hartmann.
O modelo ganhou impulso extraordinário em 2006, quando o clube conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes da Fifa. A diretoria se viu obrigada a fixar um limite de 38 mil adesões para o sócio pleno, aquele que tem lugar garantido no estádio em troca de uma mensalidade de R$ 45. Hoje, só há vagas para a modalidade ?Sócio Campeão do Mundo?, em que o torcedor paga R$ 20 e ganha desconto de 50% no ingresso, modalidade em que se enquadra o torcedor Marcelo Vellinho Pinto, que mora em Curitiba, mas mantém a associação ao time gaúcho. Mas para assegurar o lugar no Beira-Rio é preciso reservar por telefone ou internet com pelo menos três dias de antecedência. Só depois disso, o clube sabe quantos ingressos poderá disponibilizar para a venda normal.
Como o número de adesões superou a capacidade do estádio, o desafio do Inter é minimizar os espaços vazios. A diretoria já alinhavou campanha para incentivar o associado com lugar garantido a avisar quando não vem ao estádio. ?Em troca, receberia como bônus produtos do clube ou desconto na mensalidade seguinte. A idéia é colocar à venda os ingressos?, disse Hartmann.
O Inter foi o 2.º colocado em média de público no ano passado, com 18.335 pagantes por jogo. Este ano está em 5.º lugar, com número semelhante (18.918 por partida).