Algumas modalidades do Brasil não pretendem ficar na Vila Olímpica para facilitar a logística e a preparação dos atletas. Vôlei de praia, vela, canoagem velocidade, triatlo, maratona aquática e ciclismo de estrada terão competições na região de Copacabana e, por isso, vão se hospedar por lá. Isso dará uma economia enorme de tempo e quilometragem de deslocamentos. Quem também optou por uma hospedagem alternativa foi Henrique Avancini, do ciclismo mountain bike, que ficará em alojamento do exército em Deodoro, onde será a competição.
Segundo Gustavo Harada, gerente-geral de Jogos e Operações Internacionais do COB (Comitê Olímpico do Brasil), a intenção de não utilizar a Vila para algumas modalidades é buscar o melhor rendimento dos atletas nacionais. “O planejamento e a logística para cada modalidade foram decisões conjuntas entre o COB e as comissões técnicas das confederações, sempre levando em consideração o melhor para o atleta do ponto de vista da performance”, explicou.
As seleções de vôlei de praia e vela vão se hospedar na EsEFEx (Escola de Educação Física do Exército), na Urca, localizada a poucos quilômetros da Arena em Copacabana e da Marina da Glória, onde serão as disputas das modalidades, respectivamente. Já as delegações do remo e canoagem velocidade, que competirão na Lagoa Rodrigo de Freitas, e de triatlo, maratona aquática e ciclismo de estrada, no Forte de Copacabana, vão ficar no Sesc.
“Na maioria dos casos é a praticidade em se ficar perto dos locais de treinamento e competição, evitando grandes deslocamentos. A Vila é algo desejado e sonhado pelos atletas. Por isso, o COB garantirá para aqueles que estarão fora a experiência de passar ao menos uma noite na Vila, após o término de sua competição, podendo conviver com os demais atletas do Time Brasil e do mundo”, afirmou Harada.
Poliana Okimoto, uma das favoritas ao pódio na maratona aquática, vê com bons olhos a hospedagem em Copacabana, pois estará a apenas dois quilômetros de sua área de competição. Se optasse por ficar na Vila dos Atletas, ficaria 28,1 quilômetros distante, sem contar o tempo de deslocamento devido ao trânsito carioca. “Essa foi a decisão dos técnicos e diretores da CBDA e do COB para a gente ficar mais sossegada e conseguir treinar no local. Vamos ficar em Copacabana para ter mais tranquilidade”, disse.
Ela sabe que isso pode fazer diferença até no momento da competição. “A delegação decidiu que seria melhor para a gente ficar lá porque é mais próximo do local onde será a prova. A Vila Olímpica é muito longe de onde será a competição e isso atrapalharia principalmente no dia da prova. O horário de início da competição é às 9 horas, geralmente temos de chegar até duas horas antes, então teríamos de sair da Vila muito cedo se ficássemos lá”.
Pâmella Oliveira, do triatlo, lembra que a mesma estratégia foi usada nos Jogos de Londres, quando ela ficou em um hotel mais próximo da área de competição. “Como tem a bicicleta, é muito complicado ficar na Vila quando é muito longe. Isso implica colocar o equipamento em um caminhão, ir de ônibus para o local da prova, esperar o caminhão chegar, tirar a bicicleta de lá e aí fazer um treino. É uma logística muito cansativa para se fazer dias antes da disputa”, contou.
RECLUSÃO – A seleção brasileira de judô optou por ficar em Mangaratiba, distante 90 quilômetros do Parque Olímpico da Barra. Segundo Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), a modalidade vai ficar isolada. “A Vila dos Atletas é um grande parque de diversões, que pode tirar o foco em uma reta final. Por isso, o judô vai ficar isolado. Foi essa a nossa opção. Em Londres, por exemplo, ficamos em Sheffield. Será uma forma de blindar nossos atletas”, disse.
Ele explica que os judocas vão para a Vila Olímpica gradativamente. Entram em um dia, no seguinte fazem a pesagem e no outro lutam. “Então temos sete chegadas na Vila, que é o número de categorias que temos. Até porque em Mangaratiba podemos dar uma qualidade de treinos muito boa e fazer a lapidação final de nossos atletas”, afirmou.
CELEBRIDADES – Para evitar o assédio dos fãs e até mesmo de outros esportistas, algumas grandes celebridades da Olimpíada ficarão longe da Vila Olímpica. É o caso dos astros norte-americanos do basquete da NBA, que vão se hospedar em um luxuoso navio. Já o tenista Roger Federer ficará em uma mansão em Angra dos Reis e vai ao Rio de helicóptero para disputar suas partidas.
Como são estrelas mundiais, esses atletas evitam os holofotes durante os Jogos até para manter a concentração. A seleção de basquete dos Estados Unidos, por exemplo, tem o hábito de ficar reclusa em todas as edições olímpicas. Para a edição no Rio, a escolha foi se hospedar no transatlântico Silver Cloud.
Os jogadores chegarão de avião ao Brasil, mas vão dormir no navio atracado no Píer Mauá. Serão apenas 360 convidados, que terão à disposição sete tipos diferentes de suítes em uma embarcação que conta ainda com seis restaurantes, cassino, spa, salão de beleza, bares, piscinas, biblioteca, academia de ginástica e um espaço reservado para shows de entretenimento.
Quem também optou por um local mais exclusivo foi o tenista Roger Federer, que vai se hospedar em uma mansão em Angra dos Reis, distante aproximadamente 100 km via aérea, pois a intenção do suíço é viajar sempre de helicóptero para seus jogos no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Já Andy Murray preferiu ficar em um apartamento no Rio, junto com a equipe britânica, pois acha que isso o ajudará a conquistar o bicampeonato olímpico.
Segundo Mario Cilenti, diretor de serviços da Vila Olímpica e de Relações com Confederações Nacionais do Comitê Rio-2016, os atletas que não ficarem na Vila terão de garantir seu transporte e segurança por conta própria. Mas ele lembra que todos os competidores credenciados nos Jogos têm acesso à área exclusiva dos atletas na Vila Olímpica na Barra da Tijuca.