E foi-se o técnico de pior aproveitamento na última era Petraglia. Em 15 jogos (incluindo dois amistosos) foram cinco vitórias, três empates e sete derrotas, o que corresponde a 43% de aproveitamento. Há tempos (pelo menos desde a segunda rodada da fase de grupos da Copa Libertadores, quando chegou a ser demitido, mas acabou reconduzido ao cargo por um pedido especial do vice-presidente Márcio Lara) o técnico espanhol Miguel Ángel Portugal convivia com a desconfiança da torcida e a pressão pela falta de bons resultados, além de padrão de jogo. O empate com a Chapecoense, domingo em Maringá, foi o capítulo final dessa história.
A iniciativa partiu do treinador. Por intermédio de seu perfil em uma rede social ele escreveu (traduzindo): “Deixo o Atlético Paranaense. Chega um dia que o treinador sente que tem que sair. E eu senti isso ontem. Foi um prazer trabalhar aqui”. Já em seu site, uma nota explica que a decisão foi motivada por problemas particulares. Fala também que não tinha boas condições de trabalho, além dos reforços que teriam sido prometidos pela diretoria após o afastamento de 12 jogadores.
A saída deixou uma certeza e algumas perguntas. A certeza, como em 2013, foi de que todo o planejamento tático e parte do técnico foram jogados fora. Isso gera um problema muito grande na condução dos trabalhos da equipe no campo de jogo para o restante da temporada (com a ressalva de que no ano passado o clube melhorou com a troca de comando e chegou à Libertadores). Embora obedecesse apenas a uma tendência – repetida à exaustão independentemente das peças que compunham a equipe -, a formação tática do time (bem ou mal) foi moldada ao longo desse tempo, bem como todo o planejamento físico que era conduzido por Gonzalo Abando.
A série de perguntas deixadas pela saída de Portugal começa pela seguinte: Quem é que tem a “caneta”? Em seu site Ángel deixou claro que não lhe deram condições de montar um time diferente. Sobre reforços, o treinador chegou a indicar pelo menos três atletas para compor o seu grupo de trabalho. Todos foram vetados pelo Departamento de Inteligência de Futebol do Rubro-Negro. Para piorar, diversos atletas utilizados por ele durante os três primeiros meses do ano foram afastados do grupo principal.
A diretoria justificou as saídas como uma decisão em conjunto com a comissão técnica. As palavras ditas pelo treinador deixam essa informação sem tanta credibilidade. Vale citar ainda os casos envolvendo o zagueiro Manoel e o goleiro Weverton, que comandou um levante contra Ángel após a Libertadores e acabou afastado. Só retornou após um pedido de desculpas formal. Manoel, outro dos descontentes, segue afastado (também por problemas contratuais). Nestes casos, novamente, houve divergência nas justificativas, um jogando a culpa pela saída (e volta, no caso do goleiro) para o outro.