Mídia e escassez de títulos enfraquecem times de Curitiba

Agonizando dentro dos campos de futebol, fora deles os times da capital paranaense começam a sentir o impacto: estão deixando de ser interessantes para os torcedores, como indicou a pesquisa do Instituto DataFolha.

O Coritiba foi rebaixado para a 2.ª divisão do Campeonato Brasileiro, onde vai encontrar com o Paraná Clube. Já o Atlético há dois anos luta apenas para permanecer na elite do futebol nacional.

De acordo com o historiador e coordenador do Núcleo de Estudos Futebol e Sociedade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luiz Carlos Ribeiro, essa é a principal razão para que o Trio de Ferro perca espaço para clubes como Flamengo e Corinthians -equipes favorecidas também por serem historicamente privilegiadas pela forte exposição midiática.

“Com a globalização, a internet e os sistemas de comunicação muito rápidos, e a preferência dos principais centros de mídia em expor clubes do Rio de Janeiro e São Paulo por questões econômicas, foi criada uma situação irreversível. Esses clubes acabam recebendo uma supervalorização e assim estão sempre conquistando novos torcedores”, analisa o historiador.

Ribeiro indica que a principal forma de clubes considerados regionais como Atlético, Coritiba e Paraná voltarem a conquistar torcedores é se projetando a partir de torneios nacionais.

“Os estaduais já não são mais interessantes e o futebol local está enfraquecido. Enquanto times do eixo Rio-São Paulo lutam para buscar vencer o Campeonato Brasileiro ou disputar a Libertadores, as equipes da capital apenas disputam o Paranaense com condições de título”, explica.

O historiador lembra que outra forma de adquirir novos torcedores é realizando projetos sociais envolvendo as comunidades da região. “As pessoas precisam de trabalhos de identificação entre suas cidades e os clubes. Como a formação do Paraná é relativamente jovem, parte considerável da população veio de locais como São Paulo e Rio Grande do Sul. Trouxeram junto suas tradições culturais e clubísticas. É justamente essa identidade que falta em nosso estado, que sequer conseguiu fortalecer o movimento paranista na década de 1910”, conta.

Luta por espaço

Fortalecer o futebol paranaense é palavra de ordem na tentativa de conquistar a paixão dos torcedores pelos clubes locais. De acordo com o coordenador de marketing do Atlético, Roberto Karam, a parceria conjunta entre a dupla Atletiba e a AmBev é um marco inicial para salvar os times de Curitiba.

“Chegamos a solicitar inclusão do Paraná Clube. Fortalecendo as equipes paranaenses, nós mesmos (Atlético) ganhamos força e representatividade no futebol nacional”, explica Karam, ressaltando que o rubro-negro está disposto a trabalhar em conjunto com os dois “coirmãos” em outras ações.

Para o gerente social do Paraná Clube, Luís Carlos Casagrande, é necessário que haja maior comunicação entre os departamentos de marketing do Trio de Ferro. “Às vezes temos a impressão que Paraná trabalha sozinho. Parece que é excluído pela dupla Atletiba e tem que caminhar com as próprias pernas. Espero que essa situação se inverta e realmente haja essa união para fortalecer o futebol de Curitiba”, lamenta.

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