O ex-velocista norte-americano Michael Johnson afirmou nesta terça-feira (3) que está disposto a devolver uma de suas cinco medalhas de ouro olímpicas: a que foi conquistada no revezamento 4 x 400 metros na Olimpíada de Sydney, em 2000, que contou com a participação de Antonio Pettigrew, que confessou ter usado substâncias ilegais sem ser flagrado no exame antidoping.
"A notícia de que Antonio estava envolvido num escândalo me chocou como nenhum outro caso de doping fez", escreveu Johnson em sua coluna do jornal inglês "Daily Telegraph". "Sinto-me traído e tapeado. Era alguém que eu considerava como amigo. Não posso ficar com uma medalha conquistada de forma suja."
Pettigrew depôs no mês passado contra seu antigo técnico, Trevor Graham, no inquérito que investiga o envolvimento do técnico com o laboratório Balco, que era especializado em produzir substâncias dopantes "infalíveis" – que não podiam ser flagradas em exames antidoping. Graham também era o treinador de Marion Jones, que perdeu suas cinco medalhas olímpicas no começo do ano.
Com a revelação de Pettigrew, Johnson é o único dos participantes daquela conquista que não se envolveu em casos de doping. Jerome Young, que correu nas eliminatórias, havia sido pego em 1999, mas não foi punido pela federação norte-americana, e por pouco a medalha não foi passada. Em 2003, Calvin Harrison foi pego num teste, e em 2004 seu irmão gêmeo, Alvin Harrison, também foi acusado de participar do esquema de Graham e não disputou a Olimpíada de Atenas.
"Estou profundamente desapontado com o atletismo, pois percebo cada vez mais que havia muitos trapaceiros usando atalhos ilegais, e que sabiam o que estavam fazendo", afirmou Johnson, que também foi campeão olímpico no 4 x 400 metros em Barcelona/1992, e venceu os 200 metros rasos em Atlanta/1996 e os 400 metros rasos em Atlanta e Sydney.