Em paz e novamente apaixonado. Assim, Nelsinho Piquet vive seu novo mundo como piloto profissional de automobilismo, mas agora nos Estados Unidos, na Truck Series, categoria de caminhonete considerada de acesso à Nascar. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta terça-feira, o piloto contou como foi o período após o escândalo do GP de Cingapura, em 2008, e disse que não pensou em parar de correr, mas que se cansou da Fórmula 1.

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Do caso vivido em Cingapura, onde bateu de forma proposital para beneficiar o então companheiro de equipe, Fernando Alonso, ele conclui que faltou orientação, um manager. Aponta como erro confiar em Flavio Briatore, ex-chefe da Renault, sem questioná-lo, sendo que o dirigente o conhecia desde criança e foi o responsável por levá-lo pela primeira vez a um GP. Agora, vive tranquilamente na América, sem o assédio de antes, fazendo o que gosta – acelerar – e pensando apenas no futuro.

“Corrida é a principal coisa que gosto, que sei fazer. Tenho prazer imenso. Não pensei em momento algum em largar. Fiquei sem correr em 2007 [quando foi piloto de testes] e não me fez bem. Se quisesse, poderia trabalhar na empresa do meu pai, mas não quero isso, quero ganhar meu dinheiro e correr”, afirmou Nelsinho, que festejou o fato de ter superado a frustração de deixar a F-1 e hoje correr em uma categoria muito menos badalada do automobilismo mundial.

“A chegada na F-1 foi um sonho, foi programado. Nos Estados Unidos foi diferente. Estava buscando outra coisa para fazer e juntou com eu tomar gosto por isso. Estou muito no começo, como se fosse o kart, mas estou com vontade de trabalhar e me dedicar. Tive a sorte de me apaixonar de novo.”

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Já ao comentar sobre o episódio vivido no GP de Cingapura de 2008, em trapaça confirmada pelo próprio piloto após a sua demissão da Renault, ele enfatizou: “Nunca tive empresário. Essa pessoa poderia até ser meu pai, mas ele tem compromissos e entendo que é cansativo demais. Faltou ao meu lado qualquer pessoa que tivesse algum conhecimento de F-1. Foi esse o problema. Eu não tinha nada. Talvez se tivesse uma pessoa comigo ela não teria deixado eu fazer aquilo, eu voltaria na sala de reunião e diria que não ia fazer e deixava os caras berrarem, ameaçarem. Meu grande erro foi ficar na mão dos caras, confiar no Flávio (Briatore) de primeira. Deveria ter desconfiado logo, recebia um salário enorme para ser piloto de testes e ele tinha participação nisso. E na hora do aperto, por ser chefe da equipe, defendia o time, e não o piloto. Eu era novo, jovem, não sabia o que fazer, sob pressão e sem ajuda, fui imaturo…”.

Nelsinho ainda revelou que tentou voltar à Fórmula 1 no ano passado, mas não teve sucesso, lembrando que não pretendia retornar à categoria apenas para fazer figuração. “Fui para os Estados Unidos para fazer um teste, mas fiquei um pouco na F-1 porque ainda me perguntava se devia ou não sair. Falei com aquele cara que comprou a Toyota (o sérvio Zoran Stefanovic), o Bernie (Ecclestone) que me ajudou. Falei com ele até o Ano-Novo. Achei que o cara era sério, mas não deu certo. Aí, falei: ‘Ah cara, sou bem realista, chega’. Meu sonho não era ser só parte da F-1, do glamour… Queria fazer direito, ser campeão. Não deu”, lamentou.

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Já ao ser questionado se ainda pensa em voltar à F-1, o filho do tricampeão mundial Nelson Piquet respondeu: “Lá é muito complicado. É o caso do Michael Schumacher, que é um especialista. Se para ele não é fácil, imagina para mim. Chegar lá para enfrentar as mesmas besteiras e a politicagem? Não. Assisto à F-1 na TV, acho espetacular, mas agora só penso na Nascar”.

Mas, se hoje está longe da F-1, Nelsinho garante que não pensa em se aposentar tão cedo da vida de piloto. “Acho que vou correr até quando perder o gosto e espero que demore bastante”, finalizou.