Principal judoca da atualidade, o francês Teddy Riner parece imbatível no alto de seus 2,04 metros e 131 kg. Com uma sequência de 144 vitórias consecutivas nos tatames, ele confessa que já perdeu as contas e que seu principal foco é os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, no Japão. Sua última derrota foi em 13 de setembro de 2010. Entre grandes feitos, tem dois ouros olímpicos no currículo e 10 títulos mundiais. Nesta entrevista ao Estado, ele fala sobre as suas expectativas nos tatames e até sobre futebol, outra grande paixão.

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Como é manter uma hegemonia tão grande nos tatames?

Eu adoro vencer e é isso que me motiva. Quero continuar assim e preciso estar sempre pronto porque as competições são cada vez melhores e os adversários mais difíceis.

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Em algum momento nesse período achou que seria derrotado?

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Toda vez que piso na área de competição eu lembro que posso perder. É muito importante ter isso em mente, porque me avisa que posso ser derrotado na próxima luta. Tenho sempre isso comigo.

Mesmo com números tão expressivos, você não costuma lutar com frequência. Por que?

Eu ganhei meu primeiro título mundial muito cedo, tinha apenas 18 anos. Desde então eu entendi que não tem necessidade de competir em todos os lugares e que quanto mais você cresce, mais precisa escolher suas lutas. É importante estar bem para competir nos grandes torneios, por isso tenho muitos títulos mundiais e dois ouros olímpicos. Isso me motiva bastante, pois quero conquistar mais vezes o Mundial e bater recordes.

O Brasil tem dois atletas que são bons em sua categoria, o David Moura e o Rafael Silva. O que acha deles?

Os dois são ótimos judocas. Silva é consistente e atingiu um nível muito alto, é um grande lutador. Tenho muito respeito por Silva, que foi duas vezes medalhista olímpico e também teve pódios em Mundiais. Ele tem uma grande carreira. Antes do Jogos do Rio, ele teve uma lesão grave, mas deu a volta por cima e ainda foi ao pódio, o que é impressionante.

Por ser tão dominante, ainda mais na categoria mais pesada do judô, é difícil encontrar companheiros que possam exigir de você nos treinos?

Sim. Eu tenho três ou quatro adversários aqui na França, então é difícil encontrar companheiros para um treino forte. Por isso, conversei com meu técnico e mudei minha visão sobre minha preparação para os Jogos Olímpicos. Eu vou para o Japão, para o Brasil, para a Geórgia, e quero fazer treinamentos internacionais, porque será bom para mim, para meu judô e para minha preparação.

Agora você é atleta do Paris Saint-Germain. Já teve contato com o Neymar?

Ainda não. Este é o primeiro ano que o PSG retorna ao judô e preciso de mais tempo para encontrá-lo. O Neymar é muito ocupado e espero que a gente se encontre qualquer hora.

Quem acha que pode vencer a Copa na Rússia?

Eu amo judô e minha segunda vida é o futebol. Mas vou responder baixinho: Brasil. É um segredo.

Você mudou os parâmetros entre os pesos pesados. Agora, os atletas não são tão gordos e procuram estar em forma. Como se sente em relação a isso?

Eu me sinto orgulhoso disso. É bom ver judocas mais leves e mais rápidos, fico feliz de ter inspirado jovens atletas e essa é a maneira que vejo o judô e a categoria dos pesados.

Com o sucesso e sua grande hegemonia, a pressão fica cada vez maior. Como você lida com isso?

A pressão faz parte do jogo e, se você quer vencer, tem de saber lidar com isso. Tento aprimorar minha preparação e faz parte do meu treino. Se estiver mentalmente pronto, então será muito mais fácil lidar com a pressão.

O Japão é o berço do judô, tem muita tradição na modalidade e vai receber os Jogos Olímpicos em Tóquio, em 2020. Este será seu maior teste?

Os japoneses são sempre muito bons e lutar contra eles, na casa deles, será um grande desafio. Eu vou me preparar muito forte para estar pronto e vencer.

Neste ano, o foco é ganhar mais um título mundial?

Talvez, eu ainda não sei. Se estiver com uma sensação boa, vou competir no Mundial. Se meu ânimo não tiver voltado, vou dar um tempo e continuar me preparando para o próximo torneio ou Mundial. Meu alvo maior é a Olimpíada de 2020. Esse é o projeto.