O número de profissionais estrangeiros no esporte brasileiro vem despencando nos últimos anos. Na comparação entre 2013 e 2017, a queda foi superior a 60%. Mesmo com o País sediando Copa do Mundo (em 2014) e Jogos Olímpicos (em 2016) no período, clubes e confederações têm importado cada vez menos mão de obra.

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O Estado teve acesso a dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho que mostram que, após registrar alta entre 2011 e 2013, o número de autorizações de trabalho concedidas a estrangeiros na área esportiva vem caindo ano a ano. Em 2013, a pasta emitiu 348 concessões. No passado, a quantidade caiu para menos de um terço – 115.

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De maneira geral, a presença de profissionais estrangeiros no Brasil está em queda. Segundo a Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho, em 2011 foram dadas mais de 68 mil autorizações de trabalho e, em 2017, esse número caiu para 24 mil.

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Especialistas apontam que a redução no número de estrangeiros trabalhando no Brasil está diretamente relacionada à crise econômica vivida pelo País nos últimos anos, que provocou perda de competitividade no cenário internacional e desvalorização do real.

“Como não houve endurecimento da legislação para estrangeiros, esses números são reflexo direto da crise por duas razões, o efeito cambial e o fato de nosso mercado ter esfriado. Esportistas têm maior mobilidade internacional do que outros profissionais e podem atuar em vários países. Por isso, ao comparar o salário no Brasil com outros lugares, o real se desvalorizou. O dólar estava na casa dos R$ 2 e chegou a R$ 4 no período”, explicou Alan Ghani, professor de Economia e Finanças da Saint Paul Escola de Negócios.

Para profissionais do esporte, o ministério possui três resoluções normativas específicas. Duas são referentes à concessão de autorização de trabalho a estrangeiro na condição de atleta ou desportista e outra garantia visto a pessoas de fora do País que trabalharam exclusivamente na preparação, organização, planejamento e execução da Copa das Confederações, em 2013, da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2016.

Entre 2012 e 2016, foram dadas 580 autorizações de trabalho a estrangeiros que atuaram nestes quatro eventos. As demais categorias totalizam 760 autorizações.

GUINADA – O time de basquete de Franca, um dos mais tradicionais do Brasil, exemplifica bem a queda no número de profissionais de fora do País. Em um esporte no qual, historicamente, os estrangeiros, sobretudo americanos e argentinos, sempre tiveram forte presença no Brasil, a equipe do interior paulista tem atualmente um elenco 100% brasileiro, sem nenhum gringo, e tem conseguido bons resultados. Franca terminou a primeira fase do NBB na terceira colocação geral e está classificado para as quartas de final da competição.

Além de ter optado por dar mais espaço por jogadores formados nas categorias de base, o clube aponta fatores econômicos para abrir mão dos estrangeiros. “O custo para viabilizar a contratação de um jogador de fora do País é muito alto. Sem contar que acordos feitos em dólar encarecem ainda mais o negócio por causa da variação da nossa moeda. Muitas vezes, um bom jogador estrangeiro custa o dobro se comparado com um bom brasileiro”, disse Lula Ferreira, supervisor de Esportes de Franca.