O Atlético começou a sofrer o assédio dos clubes estrangeiros sobre seus jogadores e o primeiro a deixar a Baixada poderá ser o atacante Washington. O jogador revelou ontem, que tem propostas do futebol de Portugal e da Coréia do Sul, mas só aceita ir embora do Rubro-Negro caso os valores oferecidos sejam irrecusáveis. Por enquanto, ele segue com a delegação para Águas de Lindóia/SP, local onde a equipe do técnico Levir Culpi irá fazer uma semana de intertemporada.
“Realmente aconteceram propostas de Portugal e da Coréia do Sul, principalmente Portugal, já que os empresários estiveram aí”, disse o atacante. No entanto, os números apresentados não cativaram o jogador a trocar o Furacão pelo estrangeiro. “A gente pensou bem, eu conversei com o Gilmar (Rinaldi, procurador) que, quando a proposta não é irrecusável e não é muito além do que eu ganho no Atlético, não adianta”, destacou.
Segundo ele, a oportunidade e a confiança que o clube depositou nele contam muito nessa hora. “Eu tenho uma gratidão muito grande pelo Atlético, estou muito orgulhoso de vestir a camisa do Atlético, estou muito feliz aqui e para me tirar daqui tem que ser uma proposta muito boa, para mim e para o Atlético”, apontou. Mesmo assim, ele mesmo avisa que as conversas continuam em andamento e uma negociação pode ser aberta. “Se eles me querem lá como eles disseram, eles podem fazer uma nova proposta, a gente não sabe, mas não vai ser fácil me tirar daqui do Atlético”, reiterou.
De acordo com Washington, a proposta portuguesa seria um contrato inicial com o Vitória de Guimarães, onde ele faria uma ponte para o Porto, atual campeão da Europa. “Eu não vi vantagem no momento, então eu preferi deixar de lado e pensar no Atlético.” Ele não soube dizer qual o time coreano o quer contratar, mas essa proposta foi menos atraente ainda do que a oferecida pelos portugueses.
Problema
Para o técnico Levir Culpi, enquanto o mercado europeu estiver aberto, os clubes brasileiros sofrerão com o assédio sobre seus atletas. “Até metade do ano acontecem aquelas especulações, pode ficar certo disso, com o pessoal querendo sempre uma negociação. Todo mundo querendo melhorar, querendo uma independência financeira e nós temos entender isso”, analisou o treinador.
Adriano não acompanha delegação e vira problema
Nem as três vitórias seguidas trouxeram a tão sonhada, pelo técnico Levir Culpi, paz ao Atlético. Na quarta-feira, o atacante Ilan mostrou seu descontentamento com a reserva e afirmando que irá descumprir ordens táticas se tiver que jogar fora da sua posição. Ontem, foi a vez do meia Adriano, relacionado para a intertemporada em Águas de Lindóia/SP, se recusar a viajar com a delegação.
A suspeita de que o ciclo do jogador já acabou no CT do Caju vem sendo dada desde o início do ano pelo próprio atleta. Discussão com o treinador (na época, Mário Sérgio), treinamento em separado para esperar uma negociação com outro clube e uma lesão suspeita no pé direito dão mostras de que Gabiru não quer mais jogar no Rubro-Negro. À medida que o contrato vai se encerrando (o vínculo entre as partes termina dia 30 deste mês) Adriano se mostra menos interessado em seguir no clube.
Ontem, ao contrário dos demais atletas, ele chegou no CT do Caju apenas às 14h30 (o trabalho estava previsto para começar às 14 horas). Passou rápido com seu carro pelos companheiros e pela imprensa e foi direto trabalhar em separado. Na hora do embarque, alegou problemas particulares para resolver e não entrou no ônibus, que levou o restante da delegação para o Aeroporto Afonso Pena. Segundo informações de bastidores, o jogador estaria orientado a não vestir mais a camisa do Atlético. Com o fim do contrato, ele ganharia os direitos federativos e poderia assinar com outra equipe sem ter que pagar nada ao Rubro-Negro.
Sanções
A atitude do meia, desta vez, parece ter esgotado a paciência dos dirigentes, que vinham mantendo a esperança na renovação de contrato. “Esse é um ato de indisciplina e o Atlético aplicará ao Adriano as sanções cabíveis”, disse Alberto Maculan, diretor de futebol, através da assessoria de imprensa. A ida do jogador para Águas de Lindóia tinha dois objetivos: aprimorar a forma físico dele e integrá-lo aos novos colegas de elenco. A idéia dos dirigentes era criar um clima favorável para a assinatura de um novo vínculo, mas isso deve ser repensado a partir de agora.