O mercado esportivo mundial movimenta US$ 50 bilhões (R$ 191 bilhões) anualmente com o chamado “matchday” – a receita gerada com bilheteria, naming rights, shows, eventos, camarotes, restaurantes, projetos de sócio-torcedor – em estádios, arenas e complexos esportivos. É o que aponta um estudo realizado pela empresa Sports Value.
Desse valor, 51% são gerados apenas nos Estados Unidos com ligas como MLB (beisebol), NHL (hóquei), NFL (futebol americano) e NBA (basquete). O Campeonato Brasileiro aparece como a décima liga que mais arrecada – se considerado apenas futebol, sobe para sexto, com arrecadação de US$ 200 milhões (R$ 765 milhões).
Segundo o especialista em marketing esportivo Amir Somoggi, sócio da Sports Value, o País apresenta potencial muito grande de crescimento por conta da baixa taxa de ocupação das partidas do Brasileirão. Em 2017, foram 380 partidas, com média de público de 18.822 pessoas – ocupação de 43%. O grande modelo de sucesso neste quesito é o Campeonato Inglês. Por lá, a média de público é de 38.274 e a taxa de ocupação nos estádios é de 99%. A segunda liga no ranking é a alemã, com 44.646 espectadores por partida e ocupação de 92%.
“Falta no Brasil inteligência no sistema de gestão de arena, que sobra no mercado internacional. Estamos praticamente com 60% dos estádios vazios e nenhuma das grandes ligas de futebol tem esse potencial inexplorado em termo de público e de serviço”, aponta Somoggi.
A lógica é simples. Mais gente nos estádios gera maior demanda de produtos. É nesse momento que os times desenvolvem ações com parceiros e patrocinadores para maximizar os lucros com os “clientes” em potencial. Nos EUA, esse trabalho nos dias dos jogos gera receitas maiores do que com direitos de TV e patrocínios. No Brasil, esse processo ainda é primário.
“No Brasil, o matchday é basicamente bilheteria e sócio-torcedor. Tirando casos isolados como o São Paulo, que tem camarote e shows, e o Athletico-PR, com a Arena da Baixada”, explica Somoggi. “Em geral, os estádios não são dos clubes. No Allianz Parque, por exemplo, é a WTorre que administra toda parte de exploração em shows e eventos. O Palmeiras fica com 20% dos ganhos líquidos.”
Mesmo ainda sendo considera baixa, a ocupação dos estádios brasileiros deu um grande salto desde 2003, quando as partidas tinham 82% de lugares vazios. Se apresentasse o mesmo índice das principais grandes ligas, o faturamento anual com estádios no País poderia mais que dobrar, chegando a US$ 500 milhões (R$ 1,9 bilhão).
O estudo da Sports Value mostra que uma família de quatro pessoas gasta em média US$ 664 (R$ 2.542 mil) para acompanhar um jogo do New York Knicks na NBA. Mas a partida é só parte de um grande espetáculo, com tudo de ponta: estrutura, restaurantes, lojas, etc.