?Isso é crime!? Foi dessa forma que o médico particular do meia Pedrinho, Antonio Hélio Guerra Vieira Filho, referiu-se à forma como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conduziu o caso do atleta palmeirense no doping constatado na coleta de urina realizada após a partida contra o Santos, no dia 29 de setembro. O julgamento deve ocorrer nesta terça-feira no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que, conforme a Agência Estado revelou no sábado, vai absolvê-lo com a argumentação de que não houve intenção de ganhar desempenho físico.
Indignado com o que chamou de ?inadequação? e ?insensibilidade? da entidade presidida por Ricardo Teixeira, Antônio Vieira Filho comentou até a possibilidade de o jogador acionar a CBF na Justiça. Segundo o médico, Pedrinho teve questões pessoais expostas publicamente, o que vai de encontro às leis que regem o direito à privacidade. ?Ele (Pedrinho) pode alegar danos morais e até financeiros?, observou o psiquiatra, referindo-se à eventual desvalorização do passe em futura transferência.
O especialista, que há seis meses acompanha e estabelece o tratamento que o meia faz contra processo de depressão profunda, disse que foi surpreendido com as notícias em relação ao caso. ?Estava num congresso em Barcelona?, contou.
A razão da surpresa é a forma como a equipe médica do clube, em conjunto com Antônio Vieira Filho, agiu para se precaver diante do risco de doping. O próprio coordenador do Controle de Dopagem da CBF, Fernando Solera, emitiu parecer favorável ao atleta antes de sua escalação. ?Acho que foi um problema de comunicação interno na CBF?, ?diagnosticou? o médico do Palmeiras, Vinícius Martins.
Indignação – Embora diga não acreditar que o episódio tenha alguma conseqüência negativa para o tratamento do jogador, Antônio Vieira Filho não poupa a cartolagem brasileira. ?Tudo isso serviu para demonstrar o despreparo da CBF para conduzir esse tipo de caso?, afirmou. ?Expõe uma falta de postura ética e mostra que é necessário mudar o procedimento e não apenas a lista de substâncias proibidas.?
Sobre as reações de Pedrinho diante da confusão da qual se tornou protagonista, o psiquiatra se mostra otimista e não crê em nenhum tipo de recaída. ?Ele (Pedrinho) está muito bem, melhorou consideravelmente e tem tudo para passar por isso com tranqüilidade?, garantiu. Antônio Vieira Filho aproveitou também para esclarecer que, embora seu nome não apareça na documentação como o responsável por ter prescrito os medicamentos ao atleta (consta o nome do médico Montezuma Pimenta Ferreira), tudo foi feito sob sua orientação. ?O doutor Montezuma é da minha equipe e tudo o que fez foi levantar o prontuário do Pedrinho antes de prescrever. Só não fiz isso pessoalmente porque estava fora do País.?