Nürburgring – Descobriram uma serventia para as sextas-feiras na Fórmula 1: enganar trouxa. Foi o que a McLaren fez ontem no primeiro dia de treinos para o GP da Europa, em Nürburgring. Sexta-feira, neste ano, não vale mais nada. As equipes passam o dia avaliando pneus para a classificação e a corrida. É difícil concluir qualquer coisa a partir dos tempos. Mas sempre tem um que termina na frente. E ontem foi Kimi Raikkonen.

A McLaren está em sétimo lugar no Mundial de Construtores com míseros cinco pontos e faz sua pior temporada dos últimos 24 anos. Com a média de 0,83 ponto por GP, é o quarto campeonato mais pobre da história do time fundado por Bruce McLaren. Em desempenho, na média, a atual temporada só não é pior do que as de 1966, 1967 e 1980.

Completamente fora da briga por vitórias, os prateados se esforçaram para não dar vexame em casa. Nürburgring é uma espécie de quintal para a Mercedes-Benz, sócia da McLaren. A montadora tem até uma tribuna para dez mil pessoas em ponto nobre da pista, a curva 1, batizada com seu nome. Ali também a fábrica acomoda convidados importantes e executa o que se chama de marketing de relacionamento.

No ano passado, Raikkonen tinha tudo para ganhar no circuito alemão quando seu motor estourou pouco antes da metade da corrida. Liderava com folgas. Para desespero da Mercedes, ganhou a prova um piloto da rival BMW, Ralf Schumacher, da Williams.

Por isso, ontem, a estratégia era uma só: garantir alguns minutos de exposição elogiosa nos programas noturnos da TV e espaço nos jornais de sábado. O castelo de cartas, salvo uma surpresa avassaladora, deve desabar por volta das 15h locais (10h de Brasília), quando terminar o treino que define o grid da sétima etapa do campeonato. Nem Raikkonen, nem seu companheiro David Coult-hard, quarto ontem, são levados a sério como candidatos à pole.

Para se ter uma idéia do que vem sendo a McLaren em 2004, o escocês tem como melhores posições de largada neste ano dois nonos lugares, um na Malásia e outro em Mônaco. Já o finlandês conseguiu um quinto em Sepang e nada mais. A média de Coulthard no grid é a décima posição; a de Kimi, 12.ª.

É verdade que a equipe deu a impressão em Mônaco de que melhorou um pouquinho, com Raikkonen na terceira fila e David na quinta. Mas nenhum dos dois terminou a prova. No teatrinho armado ontem para fechar o dia com um sorriso no rosto, os pilotos foram os únicos que mantiveram os pés no chão. “Começamos bem, mas é claro que ainda tem muita coisa para acontecer. O que importa é o sábado”, falou Kimi. “Não fomos tão mal como de costume”, resumiu Coulthard.

Os favoritos naturais à vitória em Nürburgring fizeram apenas a lição de casa. A BAR registrou o melhor tempo de manhã com o piloto de testes Anthony Davidson e ficou em segundo de tarde com Jenson Button. A Ferrari foi a segunda mais veloz na sessão matinal com Michael Schumacher, que não aproveitou a prática vespertina porque seu carro quebrou depois de nove voltas.

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