Em uma quarta-feira com nada menos do que 21 provas de atletismo no Estádio Olímpico João Havelange, foi uma dobradinha brasileira que roubou a atenção no Rio 2007, liderada por Maurren Maggi, novamente imbatível, no lugar mais alto do pódio, com um salto nem tão expressivo – 6,84 metros, obtido na segunda das seis tentativas -, mas suficiente para garantir o segundo ouro do dia para o Brasil.
E não poderia ser melhor para o país do ver a prata cair nas mãos de Keila Costa, que saltou 6,73 metros. Em Winnipeg-99, Mauren já havia sido campeã do salto em distância, depois de levar a prata nos 100 metros com barreira.
O atletismo brasileiro brilhou, emocionou e festejou com lágrimas, sorrisos e abraços um dia histórico para o esporte brasileiro. Foram mais quatro medalhas no terceiro dia de competição da modalidade, e um total de nove, até agora, no Rio 2007.
A comemoração de Maurren teve um tom de desabafo. ?Essa dobradinha foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, depois de oito anos de espera. Só vocês sabem o que eu passei?, disse a paulista de São Carlos, aos 31 anos. Atual líder do Ranking das Américas, com os 6,94 metros alcançados em Cochabamba, em 3 de junho.
Mauren ficou de fora do Pan de Santo Domingo-03 por causa de um exame positivo de doping. Este ano, quando se preparava para o Rio 2007, não pôde competir no Troféu Brasil, disputado em maio,em função de uma lesão. ?É uma recompensa estar aqui hoje, com essa torcida
fantástica. E a pista é maravilhosa?, comemorou.
Maurren volta a disputar uma medalha na próxima sexta-feira (dia 27), no salto triplo, prova que Keila Costa disse que fará de tudo para vencer. ?Quero que essa dobradinha se repita, só que com posições invertidas?, disse Keila. As duas lideram o ranking brasileiro de cada modalidade: Maurren em primeiro e Keila em segundo no salto em distância; e o contrário no salto triplo.
Apesar do ouro e da prata, a pernambucana de 24 anos não ficou satisfeita com a arca. ?Poderíamos ter feito melhor, temos saltos mais fortes, mas estou feliz com o resultado?, disse Keila, que saltou 6,88 metros no GP Brasil de Belém, em maio. Ela é a atual recordista e campeã sul-americana do salto triplo, com 14,57 m.
A alegria começou com o primeiro ouro que deu a Hudson Souza o bicampeonato dos 1.500 metros, com direito à quebra do recorde pan-americano (3m40s26), com o tempo de 3m36s32. ?Essa vitória representa a luta de toda uma vida. E ainda mais com essa marca. Eu não esperava?, disse o campeão.
O bronze de Lucimara Silva no heptatlo encerrou a série de conquistas, praticamente simultâneas, desta quarta-feira (dia 25). E ela comemorou como se fosse um ouro.
?Não fiz um bom início de prova, virei (terça-feira, dia 24) na sexta colocação. Mas dormi pensando: se o masculino conseguiu pelo menos o bronze no decatlo, eu também posso. No fundo, meu coração sentia que dava?, disse a líder do ranking brasileiro – com 5.897 pontos, marca obtida em Dezensano del Gardia, na Itália, em etapa do Circuito de Provas Combinadas, em maio, quando foi a quarta colocada.
No salto em altura feminino, o Brasil não foi bem. Eliana Silva ficou em quinto lugar, com 1.84 metro. A outra brasileira que participou da final, Mônica Freitas, terminou a prova em 12º lugar, com a marca de 1,75 metro.
Na final masculina do lançamento do martelo, os brasileiros também decepcionaram. Domingos Wagner ficou na sétima posição, com 65,27 metros. Marcos Santos encerrou a prova na nona colocação, alcançando a distância de 61,86 metros.
