Insatisfeita com o apoio financeiro que tem hoje para poder treinar para as competições, a campeã olímpica do salto em distância em 2008, Maurren Maggi, resolveu agir com uma iniciativa curiosa para seguir em frente no atletismo. A brasileira de 37 anos de idade criou um site na internet com o objetivo de arrecadar fundos visando, principalmente, a continuidade de sua carreira, cujo objetivo final é a sua participação nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
A atleta resolveu aderir a uma plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) na internet, na qual o internauta poderá colaborar com doações para a saltadora por meio do seguinte site: http://www.kickante.com.br/campanhas/patrocine-meu-treino-maurren-maggi.
Sem patrocínios atualmente, Maurren usou essa página na internet não só para pedir ajuda financeira, mas também para ressaltar a sua insatisfação com a falta de apoio em um ano no qual ela vê as empresas mais preocupadas em investir recursos no futebol e no qual o Brasil abrigará a Copa do Mundo.
“Muitas pessoas se surpreendem quando falo que não consegui patrocínio para meus treinos. Pensam que por eu ser a Maurren Maggi os patrocínios estariam batendo a minha porta. Porém a realidade é que preciso hoje MUITO do seu apoio: meus amigos, familiares, fãs, jornalistas e atletas. Preciso que contribuam a partir de 10 reais para me apoiar nessa nova jornada no crowdfunding. Onde busco o patrocínio diretamente com o povo, as massas. Peço que me ajudem a coletar os fundos para os meus próximos 45 dias de treino para que eu não tenha que parar”, afirmou a atleta, por meio do site no qual está coletando doações.
Maurren estabeleceu uma meta de arrecadar R$ 100 mil neste período de 45 dias e, para atrair o interesse do público, fixou diferentes “recompensas” que irão variar de acordo com o valor doado. Quem se dispor a dar R$ 30 já receberá um agradecimento da atleta publicado na rede social do respectivo doador. Já quem doar R$ 100 ganhará um vídeo personalizado de Maurren, no qual ela agradecerá ao apoio prestado. O ranking de “recompensas” criado pela atleta é extenso, sendo que a maior delas, prometida a quem se dispuser a pagar R$ 15 mil, prevê que a atleta “treinará com o selo da empresa do doador por 100 dias e postará nas suas redes sociais”.
Por meio da plataforma de crowdfunding que utiliza para colher doações, Maurren também enumerou os feitos da sua carreira, antes de admitir o drama que vive, mesmo na condição de campeã olímpica. “Atualmente estou sem patrocínio. Diferentemente dos outros anos em que corri atrás de patrocinadores e obtive sucesso, neste ano de Copa do Mundo os olhos dos patrocinadores estão voltados para o futebol e os outros esportes ficam de lado. Sou uma atleta que nunca se deixou vencer e nunca medi esforços para representar o nosso Brasil e presentear meus compatriotas com novas medalhas. Quero mais uma vez participar de uma Olimpíada, e desta vez dentro de casa, em 2016, na minha terra natal”, enfatizou, para depois esclarecer: “O valor de R$ 100 mil (meta a ser arrecadada) é somente para cobrir os custos e profissionais envolvidos no meu treino”.
Atualmente, Maurren conta com o apoio de um banco estatal e da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), mas o mesmo tem sido insuficiente, de acordo com a atleta, que no passado participou de apenas quatro eventos do calendário do atletismo e acabou ficando fora do Mundial de Moscou.
Nesta sexta-feira, em entrevista ao SporTV, a saltadora destacou que precisou desembolsar dinheiro do próprio bolso para poder treinar. “Levei o ano de 2013 insistindo nessa situação de treinar, porque tenho meus fundos, mas a partir do momento em que achei injusto pagar do meu bolso para representar meu país, eu dei um basta. O Nélio (Moura, marido e treinador da atleta) me disse para esperar que íamos conseguir. Então, juntos, estamos apostando nessa nova situação, que é inovadora para o esporte. Talvez eu esteja abrindo portas para outros atletas que estejam nessa situação e querem continuar no esporte. Não sou só eu que estou nessa situação, teve gente que me ligou e eu disse que vou tentar ajudar”, revelou.