Para o torcedor paranista a temporada 2002 trouxe alegrias, frustrações e uma certeza: Maurílio foi o grande jogador do Paraná Clube. Aos 32 anos – ele completa 33 no mês que vem – o capitão atingiu status de líder do grupo, dentro e fora de campo. Em sua terceira passagem pelo clube, Maurílio fez de tudo e ainda terminou o ano como artilheiro da equipe, com 23 gols assinalados. A “dobradinha” com o centroavante Márcio foi o ponto alto do Tricolor, formando ao lado do goleiro Marcos o Trio MMM, responsável pelos melhores momentos do time.
Além da qualidade técnica, Maurílio deu eqüilíbrio também para que o time superasse as dificuldades financeiras, não deixando que os salários atrasados refletissem no rendimento dos atletas. O atacante reconhece que este foi o melhor ano de sua vida profissional e pessoal. Sua esposa Elaine está grávida de dois meses. “Deu tudo certo. É uma pena que não conseguimos brigar por uma classificação e tivemos que nos contentar com a fuga do rebaixamento”, disse à Tribuna. “Nunca marquei tantos gols e isso vai ficar marcado”.
Maurílio balançou as redes, no Brasileirão, 14 vezes e já é o maior artilheiro do Paraná em uma competição nacional, superando a marca anterior de Márcio, que era de 11 gols. Este ano, Márcio também se superou, marcando 12 vezes, mas ficou atrás do companheiro. “Temos um ótimo entrosamento não só em campo”, confirmou Maurílio. Ele subiu para a quinta colocação na artilharia do clube, superando Lúcio Flávio e ficando bem próximo de Márcio e Claudinho. Maurílio tem 54 gols e é o sétimo jogador em participações com a camisa tricolor: 219 jogos.
“Sempre tive uma grande identidade com o clube, desde que iniciei minha carreira no Pinheiros”, disse. Com a experiência adquirida nas passagens por grandes equipes do Brasil e também no exterior, Maurílio trocou a velocidade pelos “atalhos do campo”. Além de continuar caprichando nas assistências, ele ainda se aprimorou nas cobranças de faltas e se tornou um perigo constante aos goleiros adversários. Foram quatro gols em cobranças de faltas, contra Santos, Bahia, Internacional e Gama. Curiosamente, três deles fora de casa e somente em um dos jogos o time acabou vencendo, em Porto Alegre, contra o colorado gaúcho.
Maurílio fez ainda cinco gols de pênalti – e não perdeu uma chance sequer. O Paraná desperdiçou duas penalidades máximas no campeonato e ambas com Márcio (contra Palmeiras e Corinthians). Os outros cinco gols marcados foram com a bola rolando e um deles de cabeça, contra o Flu.
O artilheiro sabe que o fraco desempenho fora de casa foi determinante para que o clube convivesse constantemente com o risco de descenso. “Não conseguimos uma boa seqüência, que nos desse tranquilidade”. O Paraná, em toda a competição, só computou duas vitórias em seqüência e foi derrotado em 11 dos 13 jogos que disputou na condição de visitante.
Com os dois gols marcados no empate com o Figueirense, na última rodada da fase classificatória, Maurílio não só apenas livrou o time da “degola”, como também fez o centésimo gol do Paraná na temporada. O Paraná fechou o ano com 61 jogos (29 vitórias, 8 empates e 24 derrotas), marcando 100 gols e sofrendo 82. Maurílio fez 23% dos gols da equipe em 2002.
Incerteza
O futuro de Maurílio ainda é incerto. Ele tem contrato com o Paraná até março do ano que vem e é objetivo da diretoria garantir a sua presença para o Brasileirão de 2003, a ser disputado em oito meses.
Porém, as cotas reduzidas de tevê são um obstáculo para a sua permanência. Caso os valores deste ano se repitam em 2003, o presidente Enio Ribeiro já avisou que precisará adequar a folha de pagamento a estes valores. Maurílio admite que se surgir interesse de clubes do exterior, dificilmente ficará no Paraná, até mesmo para o campeonato paranaense. Um problema para o técnico Caio Júnior, que já sabe de antemão que Márcio será negociado para equilibrar a balança financeira do Tricolor. Afinal, o clube trabalhou “no vermelho” ao longo de toda a temporada e ainda não conseguiu colocar sequer os salários em dia.
