Matthäus já se considera o técnico do Atlético

Foto: Agência Estado
Lothar Matthäus declarou
ontem, em São Paulo, que
já tem até o esquema
tático que vai utilizar no Furacão.

Se tudo der certo, o treinador alemão Lothar Matthäus se apresenta no início de fevereiro e já começa a trabalhar no Atlético. Contratação bombástica do Rubro-Negro, ele precisa apenas cumprir alguns compromissos assumidos anteriormente na Alemanha e conversar com a família. Nada que o faça desistir de fazer o que mais gosta: ?cheirar futebol?, em suas palavras. Salário, prazo de contrato e a chegada de um auxiliar bilíngüe já estão acertadas entre o clube e o profissional.

Simpático e atencioso com os jornalistas, ele deu uma entrevista coletiva, ontem, para a imprensa nacional num hotel em São Paulo como se fosse o novo treinador do Furacão. Sempre falando em alemão, um correspondente da rede germânica Deutsche Welle acabou fazendo o meio-de-campo com os brasileiros. ?Fiquei muito surpreendido com a estrutura do Atlético e não é mais segredo que nós conversamos sobre um provável futuro em conjunto. Eles estão sem técnico e eu estou procurando um clube?, disse.

Segundo o ex-craque da seleção alemã, foi uma honra receber um convite de um time brasileiro e com a estrutura que tem o Rubro-Negro. ?Em termos técnicos e de administração, treinar um time de ponta no Brasil não é de se desprezar?, elogiou. A resposta definitiva, no entanto, só deve sair entre domingo e segunda-feira. O alemão voltou a apontar a família como principal empecilho a sua vinda. ?Não é uma simples transferência de cidade e eu prefiro consultar a minha família. Por isso pedi ao presidente e ele aceitou esse prazo?, revelou.

Ontem mesmo ele seguiu para a Alemanha, onde iria se reunir com o pessoal da Premiere (principal rede de tevê dedicada ao futebol alemão). Ele tem um acordo para comentar a Copa do Mundo ao lado de Boris Becker e Rudi Vöeller. Como seu objetivo é seguir a carreira de treinador, a emissora não deve se opor a essa opção.

Com a família, deve acontecer o mesmo. A terceira esposa, que é sérvia e montenegrina, já deu sinal verde para ele vir para Curitiba. O que ele vai discutir com ela é se eles virão juntos (o casal tem um filho pequeno) ou se ela espera mais um pouco antes de fazer a mudança definitiva. Como o contrato inicial é de apenas um ano (curto para os padrões europeus), essa possibilidade parece ser a mais viável.

Além de um ano de contrato, Matthäus acertou também a contratação de um auxiliar-técnico que fale fluentemente o alemão e o português. Ao mesmo tempo, ele teria um assessor/professor particular direto para ajudá-lo nas tarefas do dia-a-dia na cidade, e que o ensinasse a falar português o mais rápido possível.

Astro alemão respira futebol e afirma que quer viver disso

São Paulo – Calendário maluco, chegada e saída de jogadores a qualquer momento, excesso de jogos e estádios precários. Nada disso assusta o virtual novo técnico do Atlético, Lothar Matthäus, que está consciente de que o futebol brasileiro está bem longe da modernidade que exala da Baixada. Vindo de uma pequena cidade alemã e já tarimbado por ter atuado na Sérvia e Montenegro (país arruinado por uma guerra), ele garante que enfrentar campos de futebol sem grandes condições não será problema. Por um motivo bem simples: ele respira futebol e quer viver disso.

?Quando eu quero beber champanhe vou a um restaurante e não a um estádio?, justificou. Segundo ele, quando trabalhava na ex-Iugoslávia encontrou uma realidade bem diferente da ultra moderna Alemanha. ?Parecia que estávamos há 50, 60 anos atrás. Por isso, nada me assusta no futebol?, garantiu. No Brasil, ele sabe que a Kyocera Arena e o CT do Caju são oásis no deserto.

?Eu gosto desse clima que a gente viveu há 30 anos na Alemanha. O futebol se tornou muito comercial e eu gosto de viver a essência do esporte. Eu cheiro o futebol e não o cheiro da champanhe?, comparou.

Elogios

Matthäus elogiou bastante o meia Fabrício, que o treinador já estava de olho para levar para uma equipe alemã, caso acertesse seu ingresso num clube de seu país, e Dagoberto, jogador que ele considera um dos melhores do mundo. Com a presença de Matthäus no Atlético, a permanência deles e dos principais jogadores do grupo está assegurada durante a temporada.

Lothar vai usar o 4-4-2 no Atlético

São Paulo – Se existe algum motivo de preocupação dos torcedores do Atlético em relação ao seu trabalho, Lothar Matthäus já adiantou que não pretende fazer nenhuma revolução tática, técnica ou de conceitos. Muito pelo contrário. Além de manter a forma de atuação dos brasileiros, mas com algum ingrediente alemão, ele diz que a tendência é o time atuar no tradicional 4-4-2. E a aposta é mesmo no atual elenco, já que o ex-craque da seleção da Alemanha disse que não irá indicar nenhum jogador europeu para o Rubro-Negro.

Bastou o alemão ouvir a palavra líbero durante a entrevista coletiva de ontem para logo interromper a pergunta e mostrar quatro dedos. ?Às vezes, o técnico tem que jogar com o material que tem. Aqui (no Brasil), se joga com linha de quatro e os alas avançam porque os brasileiros gostam do jogo ofensivo?, analisou. No entanto, a mentalidade européia de todo mundo atacar e defender será implantada. ?Só indo para frente não se ganha jogo. Se estivermos com a posse de bola, todos tem que atacar e vice-versa?, destacou.

Mas os jogadores do Furacão não precisam se alarmar. O virtual novo treinador da equipe rasgou elogios ao atual elenco. ?Assisti a vários dvds com jogos do Atlético e sei que é uma equipe muito boa, que tem excelente jogadores?, apontou. Segundo ele, o elenco é muito bom e não é necessário trazer jogadores do exterior. ?Os brasileiros têm uma qualidade muito grande, o Atlético tem excelente jogadores e quem está no elenco ainda vai crescer bastante?, disse.

Quanto ao trabalho em si, ele resumiu a questão: ?Fui jogador e sei que jogador prefere jogar a treinar?, finalizou.

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