Matthäus é o primeiro europeu no futebol paranaense

A contratação de Lothar Matthäus pode ser considerada uma enorme jogada de marketing do Atlético. Mas houve um dia em que a importação de treinadores teve caráter mais técnico do que mercadológico. Nos primórdios do futebol, os estrangeiros trouxeram novos conceitos táticos e de treinamento e, de certa forma, ajudaram a criar o estilo que hoje faz do Brasil a maior potência mundial do esporte.

Na fase do amadorismo, antes da década de 30, era comum as equipes serem treinadas por ingleses, que trouxeram a bola para as terras tupiniquins. Depois disso, o húngaro Izidor ?Dori? Krueschner foi o responsável pela primeira revolução tática no futebol brasileiro. No comando do Flamengo, no final dos anos 30, ele introduziu o esquema ?WM?, largamente utilizado na Europa, e que seria copiado pelos demais grandes times do País.

Depois do folclórico paraguaio Fleitas Solich, o ?Feiticeiro?, que com seu estilo disciplinador fez sucesso no Flamengo, São Paulo e outros clubes nos anos 50 e 60, outro húngaro mudou a cara do futebol do Brasil. Bela Guttman levou o São Paulo ao título paulista de 1957 trazendo os ensinamentos da escola de seu país, que assombrou o mundo nos anos 50. Os pilares do sistema húngaro eram a movimentação constante, a troca de posições e o ataque em bloco – características que Guttman implantou sem prejudicar a criatividade e o improviso do jogador brasileiro. Há quem diga que o estilo influenciou o 4-2-4 de Vicente Feola, na primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, em 1958.

Guttman foi o último europeu a dirigir um grande clube brasileiro. Desde então, os únicos estrangeiros de destaque eram sul-americanos, a maioria já radicada no Brasil: os uruguaios Dario Pereyra, Hugo de León e Pedro Rocha e os argentinos Filpo Nuñez e Jose Poy, que acrescentaram pitadas do modo de jogo de seus países no Brasil.

Paraguaio

Antes de Lothar Matthäus, o futebol paranaense nunca teve um treinador europeu de destaque. O Atlético, embora tenha menos tradição em importar ?gringos? do que o arqui-rival Coritiba, foi também pioneiro ao trazer o paraguaio Antônio Carbo, em 1943. Segundo o historiador Heriberto Machado, autor do livro ?Atlético – A Paixão de um Povo?, Carbo havia dirigido a seleção de seus país e causou furor na provinciana Curitiba da época. Mais tarde, estrangeiros já estabelecidos no Brasil comandaram o Furacão, como Jose Poy, em 1985, e o uruguaio Sergio Ramirez, em 1991 e 1994.

Copa do Mundo terá 16 ?estrangeiros?

Fenômeno ainda novo no Brasil, a importação de técnicos já é uma tradição no futebol mundial. Metade das seleções que disputarão a Copa do Mundo e vários dos maiores clubes europeus têm treinadores nascidos em outros países. O Liverpool, campeão europeu, por exemplo, é dirigido pelo espanhol Rafa Benítez. O festejado Chelsea tem no comando o português José Mourinho. Há anos o francês Arsene Wenger está à frente do Arsenal. E o holandês Frank Rijkaard dá as cartas no poderoso Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho. Mas vale lembrar que estes times contam com uma legião de jogadores estrangeiros – o que dificultaria as coisas até para um ?manager? nativo.

No Mundial da Alemanha, muitos astros ouvirão ordens com sotaques diferentes. Nada menos que 16 seleções serão comandadas por forasteiros, entre elas esquadras bem cotadas como Inglaterra, Portugal e México (veja lista).

Na onda da globalização da prancheta, até os brasileiros -até então restritos aos mercados de segunda linha, como Oriente Médio e Japão -começam a ocupar postos de importância. Wanderley Luxemburgo acaba de deixar os galáticos do Real Madrid, mas com um retrospecto favorável. Luiz Felipe Scolari, que levou a seleção portuguesa ao vice-campeonato da Eurocopa-2004 e estará no Mundial da Alemanha, é cotado para suceder o sueco Eriksson na Inglaterra.

Na Copa, os treinadores brazucas estarão representados, além de Carlos Alberto Parreira e Felipão, por Zico (Japão), Alexandre Guimarães (Costa Rica) e Marcos Paquetá (Arábia Saudita).

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