Orlando Kissner |
Meia não jogará mais neste Brasileiro. |
O drama se repetiu, muito mais rápido do que se imaginava. Logo no primeiro jogo após a cirurgia no joelho direito o armador do Coritiba, Marquinhos sofreu nova lesão no mesmo local, quase igual à anterior. Se antes ele tivera um rompimento no menisco externo, agora foi o interno que se rompeu. Com isso, ele será submetido hoje a nova intervenção cirúrgica, tendo que encarar novamente por todo um período de fisioterapia – idêntico ao que acabou de passar. E, salvo uma recuperação mais rápida que a prevista, Marquinhos está fora do Campeonato Brasileiro.
A informação foi passada na manhã de ontem pelo chefe do departamento médico do Coritiba, Lúcio Ernlund. Ele estava triste com o fato. ?É um acontecimento raríssimo e grave. Só posso dizer que é uma fatalidade?, resume. O ortopedista, que operou Marquinhos há pouco mais de um mês, imaginava que era apenas uma pancada quando avaliou o jogador após o Atletiba. ?Ele teve um choque acidental com o Márcio Egídio durante o jogo e acabou sofrendo um entorse. Pensávamos que fosse algo simples, mas os exames deram outra resposta?, conta.
A ressonância magnética feita na segunda mostrou o rompimento no menisco interno. ?A lesão é exatamente a mesma anterior, só que no outro menisco?, comenta Ernlund, que garante que esta contusão não tem nada a ver com a anterior. ?A lesão do menisco externo foi corrigida na primeira cirurgia e não foi afetada. Foi realmente um azar incrível do Marquinhos. É muito triste?, confessa.
Uma contusão desta gravidade, logo no primeiro jogo de Marquinhos, inevitavelmente abre dúvidas quanto à utilização do jogador. Ernlund apresentou os dados da recuperação do camisa 10 coxa e confirma que tudo correu bem. ?Ele foi liberado dentro do prazo esperado. Quando aconteceu o jogo, o Marquinhos havia já passado o 35.º dia após a cirurgia, em condições clínicas e físicas para atuar?, explica o médico, que lembra de intervenções semelhantes acontecidas nos anos anteriores. ?O Nascimento, o Capixaba e o Fernando, por exemplo, passaram pela mesma operação e voltaram em vinte dias.?
Para o departamento médico do Coritiba, não houve precipitação na volta do jogador. ?De forma alguma isso aconteceu. Nossa primeira obrigação é preservar o atleta, cuidar da pessoa. Não havia nenhuma razão para liberá-lo antes?, diz Lúcio Ernlund.
Marquinhos será operado esta manhã, no hospital Vita Batel. ?Será a mesma forma de artroscopia, só que agora corrigindo a lesão do outro menisco.? O armador terá alta ainda hoje e amanhã inicia o trabalho de fisioterapia. A previsão para volta é dos mesmos 35 dias da primeira cirurgia, o que praticamente inviabilizaria o retorno dele antes do final do Brasileiro.
Terceira contusão no mesmo joelho
É a terceira lesão séria de Marquinhos. E pela terceira vez ele terá que encarar uma intervenção cirúrgica na carreira. A primeira foi em 2001, quando defendia o Bayer Leverkusen, da Alemanha – naquela oportunidade, ele rompeu os ligamentos do joelho direito e teve que ser operado. A recuperação foi demorada, mas bem-sucedida, tanto que ele voltou ao Brasil no ano seguinte, defendendo o Paraná Clube e o Flamengo, ?explodindo? no futebol local.
Agora, ele passa pelo drama de duas lesões sucessivas no mesmo joelho direito. Em 28 de agosto, ele sofreu a contusão no menisco externo, na partida com o Santos. Operado uma semana depois, Marquinhos passou pela série de fisioterapia que terá que repetir agora. Da cirurgia até o retorno no clássico Atletiba, foram exatos 41 dias. Como ainda está vinculado ao Bayer, o Coritiba teve que informar o clube alemão da necessidade de nova intervenção. ?Passei ao responsável do Leverkusen a situação e o diagnóstico dele foi o mesmo. A autorização foi dada?, conta o chefe do Departamento Médico alviverde Lúcio Ernlund.
Humberto vira titular
Era o estreante mais aguardado pela torcida do Coritiba e ao mesmo tempo sobre quem recaíam mais dúvidas. O volante Humberto, que veio do futebol italiano e ficou quase três meses se preparando fisicamente, fez seu primeiro jogo no Alto da Glória justamente no clássico com o Atlético e foi um dos melhores da equipe. Agora, ele já pode se considerar titular, algo que não era programado nem pelo comando do clube.
Quando chegou, Humberto foi anunciado como um ?reforço para 2006?, pois vinha de uma parada – depois de deixar o Torino, ele ficou dois meses sem jogar. Mesmo assim, muita gente esperava que ele jogasse, o que aconteceu no Atletiba, o que era um grande desafio. ?Acho que muitos não acreditavam que eu iria jogar bem porque não me viam treinando. Meus companheiros e a comissão técnica tinham confiança em mim e eu fico feliz com isso. Mas a desconfiança de outras pessoas era normal?, comenta o meio-campista.
Com a boa atuação (inclusive com duas conclusões perigosas a gol, uma defendida por Tiago Cardoso e outra na trave), Humberto deixou outra dúvida no ar – por que não foi utilizado antes? ?Seria muito cômodo chegar agora e dizer que a culpa é do Cuca, que ele não queria. Mas não é isso. Era necessária a adaptação, uma preparação física. E eu tinha que respeitar a decisão da comissão técnica. A partir do momento em que me senti pronto, eu me coloquei à disposição?, conta.
Ele teve a sorte de ter, como observador privilegiado deste período, o agora técnico interino Antônio Lopes Júnior. ?É uma situação que ocorria com freqüência, pois quando o time viajava o Júnior ficava treinando com a gente. Acredito que isso possa ter ajudado neste momento?, confirma.
A expectativa dele é ver o Coritiba voltando a vencer e mantendo vivas as chances de classificação para a Copa Sul-Americana. ?Eu acho que nós temos todas as condições. Estamos perto, vamos enfrentar o Botafogo, que é um adversário direto e se conseguirmos a vitória vamos nos aproximar ainda mais. Todos aqui acreditam nessa possibilidade e vamos lutar muito para consegui-la?, finaliza Humberto.