O ano de 2003 não foi dos melhores para o Atlético Paranaense. Após um 2002 marcado pela eliminação na Copa Libertadores da América, neste ano o clube acabou em sexto lugar no campeonato paranaense e foi eliminado precocemente da Copa do Brasil.
Entretanto, nem tudo foi infrutífero. Em meio a tanta turbulência, foi lançada a semente da aposta na revelação de jogadores. E para 2004 espera-se o amadurecimento dos frutos do sucesso.
A sorte do Atlético, em 2004, estará nas mãos de jogadores que começaram a se firmar agora. É o caso do volante Alan Bahia, o ponto de equilíbrio da meia-cancha rubro-negra. No clube desde os treze anos, o jogador ganhou a primeira chance no profissional no ano passado, em partida contra o Guarani. Mas o que parecia o início do sonho acabou com a chegada do técnico Vadão. “Eu fiquei treinando em separado e só voltei ao time quando o Mário Sérgio chegou”, diz. Os momentos no “limbo” fizeram bem a Alan, que voltou “com tudo”. Na estréia contra o Paraná começou a mostrar a que veio e ganhou a confiança de Mário Sérgio. “Agora é manter a seqüência e entrar em 2004 com o pédireito, ainda mais sabendo que temos o apoio da diretoria.” Aliás, o fato de a diretoria incentivar o uso de atletas revelados em casa dá um ânimo a mais para a garotada. “É uma responsabilidade grande, mas qual jogador não gosta de desafios?”, diz.
Para Alessandro Lopes, ganhar a confiança do treinador na reta final caiu como presente de Papai Noel. Hoje ele é um dos pupilos mais elogiados pelo exigente treinador. “Espero continuar no mesmo ritmo no ano que vem”, diz o novo titular da zaga atleticana, que tem como companheiro outra revelação da casa: Daniel, que estreou no profissional no ano passado, mas se firmou na reta final do Brasileirão.
O meia Jádson, que assim como Alessandro Lopes subiu para o profissional este ano, também vislumbra em 2004 um ano decisivo para sua carreira. “Estou otimista para brigar por um lugar na equipe titular”, diz. Este ano, ele teve entradas esporádicas na equipe, mas dificilmente ficou fora dos relacionados do técnico Mário Sérgio.
Outra grata revelação, talvez o atleta que mais promete para 2004, é o atacante Fernandinho. Depois de arrebentar na disputa da Copa São Paulo, no início do ano, ele não desperdiçou a chance que teve na equipe titular e carimbou o passaporte para a seleção brasileira sub-20, que está disputando o mundial da categoria nos Emirados Árabes. Ao lado de Dagoberto, que apesar de ter apenas 20 já pode ser considerado um atleta experiente, ele tem tudo para ser uma das grandes atrações da equipe em 2004.
Uma fábrica de craques em casa
As promessas para 2004 não param por aí. Com um departamento de categorias de base cada vez mais reforçado e entrosado com o profissional, a tendência é que ao longo do ano que chega novos atletas sejam promovidos. “É difícil dizer quem vai subir, pois tudo depende do desejo do Mário Sérgio”, diz Vinícius Eutrópio, coordenador das categorias de base do rubro-negro.
A verdade é que a incógnita que cerca o aproveitamento de atletas de categorias de base existe devido ao amadurecimento precoce de alguns jogadores – alguns sobem ainda em idade de juvenil. “É muito difícil um jogador subir para o profissional porque chegou à idade limite para a disputa de juniores. A maioria passa a ser aproveitada antes, casos de Dagoberto, Alan Bahia, Ivan, Jádson, Alessandro Lopes e tantos outros.”
De certo, estão a integração do zagueiro Bruno e do meia Lucas Busatto, que completam 21 anos em 2004. André Luiz, lateral-direito que já defendeu a seleção brasileira sub-20, também é nome certo no profissional. Os outros nomes, serão conhecidos ao longo da temporada. O treinador da equipe principal também procura acompanhar as disputas das categorias de base sempre que não está envolvido em atividades da sua equipe.
A Copa Sesquicentenário pode não ter despertado o interesse da torcida, mas serviu como importante laboratório para os atletas que não vinham sendo aproveitados na equipe principal e jogadores que dão os primeiros passos no profissional. “A competição é uma ótima oportunidade para observar o material humano que temos e também para dar ritmo de jogo aos atletas que não estão tendo oportunidade no profissional”, diz Júlio Pizza, responsável pela equipe B.
Thiago, pau pra toda obra
Para os jovens talentos do Atlético, a subida para o profissional pode não significar uma ruptura definitiva com a equipe de juniores. É o caso do zagueiro Thiago Costa. Ele subiu para o profissional em agosto, mas como é peça importante na equipe titular de juniores, comandada pelo técnico Lio, ele eventualmente participa de jogos da categoria júnior. “Treino com o profissional, mas quando acontecem jogos no meio de semana, geralmente o Mário Sérgio autoriza que eu ajude o júnior”, diz, revelando o sistema “solidário” do Rubro-Negro. Thiago também participa de algumas partidas da Copa Sesquicentenário. Aliás, os últimos dias foram agitados para o atleta. No sábado ele estreou no profissional contra o Guarani, na segunda-feira atuou na vitória por 2 a 1 do Atlético sobre o Londrina na Copa Sesquicentenário e ontem vestiu a camisa dos juniores.
Para Thiago, a agenda cheia acaba sendo benéfica. “O ritmo de jogo fica a mil. Se não tivesse jogando pelo júnior e pela Sesqui, talvez não tivesse tido oportunidade no profissional.” Tiago entrou no segundo tempo da vitória frente ao Guarani, no último sábado. No ano que vem, entretanto, Thiago passa a servir apenas ao profissional, uma vez que completa 21 anos. “Minha última competição pelos juniores deve ser a Taça São Paulo, em janeiro.”
