Não me lembro a primeira vez que vi Marinho em campo, mas lembro muito bem da maneira qualificada e dedicada que jogava. Em 1980, com a camisa do Colorado, no polêmico titulo dividido com o Cascavel, nos títulos do Pinheiros em 1984 e 1987. Era um verdadeiro craque que comandava o meio-campo dos times por onde passou.
Depois de vê-lo em campo, imaginava na pelada que poderia fazer o que ele fazia com a bola nos pés, inclinava o corpo para o lado e tentava fazer os tradicionais lançamentos de Marinho (claro, nunca consegui).
Em todos os times por onde passou foi o grande líder em campo – e fora dele, ajudando a revelar grandes talentos. Um jogador moderno que armava jogadas geniais e desarmava os adversários com muita qualidade, um meia que qualquer time do mundo gostaria de ter. Tinha uma visão de jogo acima da média e um respeito enorme dos seus companheiros. Em campo, o que o pequeno Marinho ordenava os gigantes do seu time obedeciam.
Marinho da Rocha é curitibano, nascido na Vila Isabel, onde começou a jogar nos times do bairro. Em 1967 foi para o Britânia levado pelo professor Sisíco (atualmente no Coritiba), que viu no garoto de 16 anos que atuava pelo Primavera qualidades de um grande craque.
Em 1970 saiu do Britânia para servir o Exército. Nesta época teve uma grande decepção: foi chamado para jogar no Santos, porém seus pais não o deixaram sair de Curitiba, o que fez o garoto quase desistir do futebol. Ganhou o futebol paranaense, pois em 1974 Marinho resolveu voltar a atuar profissionalmente após ser convencido por Geraldino a fazer um teste no Colorado, assinou contrato com Hélio Alves e o resto da história todos sabem.
Ganhou por oito vezes a Corujinha de Ouro, sete Chuteiras de Ouro e foi seis vezes o Craque do Ano do Futebol Paranaense. Além de campeão pelo Colorado em 80 e vice em 74 e 83, e campeão pelo Pinheiros em 1984 e 87 e vice em 85, 86 e 88. Por onde passou fez amigos, ensinou o caminho do bom futebol, guerreiro, leal e ensinou muitos garotos que com humildade pode se chegar longe, muitos surgiram ao lado de Marinho e foram ajudados por ele, muitos o veneram como o grande responsável pelo seu sucesso profissional.
Hoje temos a obrigação de estender a mão e agradecer Marinho da Rocha por ter ensinado tudo isso a muitas gerações.
* Marcelo Ortiz é narrador e chefe da equipe Tribuna 98.
