O futuro de Dunga na seleção brasileira vai ser definido nesta terça-feira. Uma reunião na sede da CBF, oficialmente para tratar do planejamento para a Olimpíada do Rio, que será em agosto, poderá ser decisiva. A pressão para que ele seja demitido, após a eliminação do Brasil na primeira fase da Copa América Centenário, é grande. Se Dunga cair, Tite surge como favorito.
O calendário dos Jogos do Rio, aliás, pode adiar por algum tempo a saída de Dunga, embora ele esteja cada vez mais isolado e sem defensores dentro da CBF. O Brasil tem de apresentar até esta quarta-feira a lista de 22 jogadores (18 convocados e quatro reservas) e 12 membros da comissão técnica, que não podem ser substituídos. A estratégia da CBF pode ser inscrever Dunga e Rogério Micale, que tem treinado a seleção olímpica de fato, como auxiliar. Depois, Micale assumiria de fato o posto.
Nesta terça-feira, Dunga praticamente não tem defensores na CBF entre pessoas próximas ao presidente. Já havia desconfiança e insatisfação com o treinador em razão da má campanha nas Eliminatórias e o fracasso na Copa América Centenário deixou a situação mais difícil.
Del Nero costuma decidir sozinho questões importantes. Mas tem ouvido pares da diretoria que se mostram a favor de troca imediata. O presidente também vai querer saber o que o coronel Antonio Nunes, um dos vice-presidentes da CBF e que foi chefe da delegação na Copa América Centenário, tem a dizer. Após a goleada sobre o Haiti, Nunes disse que não admitiria outro resultado que não fosse chegar à final. Del Nero também costuma falar que o Brasil tem de ir pelo menos à decisão das competições que disputa.
O coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, também corre risco, apesar de elogiado pelo trabalho de organização da seleção em todas as categorias. Foi ele quem indicou Dunga e pode cair com ele. Mas nesta segunda-feira, ainda em Boston, palco da derrota para o Peru por 1 a 0, o coordenador disse não pensar nessa hipótese. Diz que a reunião desta terça foi marcada por ele para discutir a seleção olímpica.
OTIMISTA – Gilmar disse, em entrevista coletiva, que a hipótese de o trabalho de Dunga ser interrompido não lhe passa pela cabeça. Mas, questionado pelo jornal O Estado de S.Paulo se podia garantir que o treinador será mantido, não cravou. “Essa pergunta tem de ser feita para o presidente”, disse. “Eu sou o gestor do futebol e até agora não tenho nenhum indício (de mudança na comissão técnica). Nosso trabalho continua, eu amanhã (terça-feira) passo o relatório (sobre a Copa América Centenário) ao presidente”, disse.
Se for demitido, Dunga só ficará desempregado se quiser. De acordo com informações obtidas pelo jornal O Estado de S.Paulo com dois empresários, o futebol chinês se interessa pelo treinador. Uma sondagem inicial foi feita há algumas semanas, mas não houve proposta oficial, justamente pelo fato de ele ainda treinar a seleção.
Contratar Dunga faz parte do planos dos chineses para desenvolver o futebol. Apesar de as experiências com Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes não ter dado certo, ter treinadores brasileiros ainda faz parte do projeto.
E Dunga interessa justamente por algo que desagrada muitos brasileiros: seu estilo agressivo. Os chineses acreditam que ele poderá contribuir para que os jogadores sejam obedientes e disciplinados taticamente com maior facilidade.